AFIRMAR que o novo Citroën C5 é, dentro da classe e do segmento, um dos melhores automóveis e um dos mais confortáveis que actualmente existe, pode levar alguns leitores a torcerem o nariz. Mas não é, de certeza, novidade para os fãs da marca francesa! Não se pense com isto que se trata de um produto isento de defeitos; no entanto, as virtudes, qualidades e capacidades facilmente se sobrepõem. Senão vejamos:
QUANDO se fala em automóveis Citroën, uma das primeiras associações que geralmente se faz é à sua afamada suspensão, na sua terceira geração designada Hidractiva 3 (óbvio!) Plus. Mas o novo C5 tem a novidade de poder ser equipado com uma, digamos, «convencional» e que a marca apelida como «Metálica».
Mas é da Hidractiva que importa falar, porque ela assume uma importância preponderante. Assumidamente voltado para o conforto e para o prazer de condução, na C5 Tourer ensaiada, ela demonstra flexibilidade no amortecimento, tanto pelo tipo de condução que se imprime, como às condições do piso. E tanto pode, no modo «sport», apresentar-se mais rígida para melhores sensações de condução e um comportamento apurado, como sem este comando activado, oferecer um curso mais longo para melhorar a capacidade de amortecimento e, assim, garantir maior conforto.
Controlada por dois sensores em cada eixo, esta suspensão permite manter a distância ao solo independentemente da carga, fundamental num modelo com mala mais ampla.
ESTA CARRINHA - o termo soa tão mal num modelo tão elegante... - apresenta um aspecto distinto, equilibrado e sem traços de exagerado futurismo. Possui uma personalidade que se impõe e seduz com facilidade; tanto a quem procura um modelo familiar como a quem deseje partilhá-la com funções mais executivas. Esse é, sem dúvida, um dos trunfos do C5 Tourer.
O interior também não desilude: tem uma habitabilidade excelente, em termos de oferta de espaço mas também em conforto: conforto acústico, conforto proporcionado pelo desempenho da suspensão e conforto permitido por bancos que são verdadeiras poltronas.
PRESSENTE-SE que a marca francesa quis jogar alto. Jogar alto, neste caso, é criar condições para ser, em termos de imagem e qualidade, concorrente forte aos modelos que tradicionalmente dão cartas na categoria. A qualidade interior, a escolha refinada dos materiais, o rigor de construção e dos acabamentos, são uma evidência. Mas é em rolamento que essas características acabam por ser mais perceptíveis para quem nele viaja. Já quem o conduz encontra desde logo um volante com uma zona central fixa, rodando o aro sob este. Torço o nariz à profusão de comandos que aqui se encontram e duvido da sua eficácia. Mas é uma questão de habituação. A eficácia e o conforto são inegáveis. Todo o tablier é dominado por comandos; a lista de equipamento é vasta! E há ainda o travão de mão substituído por um botão que facilita os arranques e os comandos da suspensão para escolha do modo de amortecimento e para controlar a altura do carro ao solo.
AS PREOCUPAÇÕES com a qualidade do produto não se ficaram com o evidente; passaram também pela segurança, pela inclusão de muitos itens nesta área, pela protecção de condutor e ocupantes em caso de colisão.Mas porque falamos da Tourer, importa referir a mala. Não deslumbra - 505 litros - mas a configuração permite que seja muito bem aproveitada. Para além de bem revestida, possui uma série de soluções interessantes: uma lanterna recarregável, vários ganchos para dependurar sacos e pontos de apoio para uma rede que também pode ser colocada verticalmente e separar a mala do resto do habitáculo. Existe ainda um sistema que permite memorizar o ângulo de abertura do portão traseiro, abertura independente do respectivo vidro e o plano de carga pode ficar mais baixo graças à suspensão Hidractiva.
O PESO do conjunto acaba por ser decisivo no desempenho. A caixa automática de seis velocidades é mais cómoda, sem dúvida, mas também mais gulosa do que a manual com número idêntico de relações. O binário bem aproveitado, dá eficazmente conta da potência deste motor que, não sendo de desprezar não impressiona. Mas as prestações são mais do que o bastante para o fim e não o deixam ficar mal. Embora à custa dos consumos; mas não se fazem omeletes sem ovos!
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