Peugeot 308 1.6 HDi/110 CV


Um leão fadado a ganhar!

ACHO que a impressão que melhor descreve este novo familiar francês, foi a que tive, logo de início, quando, ao aproximar-me, julguei que o vidro de um dos faróis de nevoeiro estava partido. Afinal não. É de tal modo cristalino e parece ter sido concebido para parecer que não existe, que desde aí, e nesse pequeno pormenor, tive o pressentimento de que a Peugeot tinha apostado bastante na criação do 308. Entrei no carro e vieram as certezas. Nem é preciso comparar antecessores como o 309 ou o 306 à realidade de então, para perceber como o construtor evoluiu e ganhou novas responsabilidades.

DE UM ALEMÃO espera-se que seja robusto. De um japonês, fiável. De um italiano, rápido e emotivo. De um português que ainda apareça. E de um francês, que seja confortável. Com excepção do português, tudo se alterou e a crescente integração das marcas, bem como a partilha de componentes, levou a que se esbatam as características principais que ajudavam a definir a proveniência de um automóvel. Obviamente que as exigências dos consumidores também aumentaram e o mais curioso é terem crescido na ordem inversa ao tempo previsto de uso de um veículo... mas adiante! É por isso que, ao entrar dentro de 308 e começar a apreciar não apenas a escolha qualitativa dos materiais, como o cuidado dos acabamentos, mentalmente começo a construir uma imagem de solidez que não me desiludiu ao longo dos dias em que decorreu o ensaio.
O 308 segue uma ideia hoje tão em voga, que é jogar com a altura da carroçaria para ganhar espaço interior. O gesto permite avançar parte do tablier sobre a zona do motor, inclinando o pára brisas, e com isso ampliar a visibilidade, aumentar a luminosidade interior e diminuir o coeficiente de penetração, quebrando o efeito de ventos contrários.
A colocação ligeiramente mais elevada dos bancos, beneficia também a visibilidade e aumenta o conforto, necessitando de menos espaço para a colocação das pernas. Daí que este carro, não sendo em termos reais o familiar que dispõe de mais espaço interior, disfarça-o bem. E a ampla superfície vidrada lateral acentua mais essa impressão.

AINDA que estruturalmente não seja um monovolume, pelo que atrás escrevi, o 308 tem algumas semelhanças. É alto por fora e amplo em altura por dentro. As preocupações para que todos se sintam confortáveis (exceptuando um eventual passageiro central traseiro, devido à forma deste banco), ajuda a fazer justiça à tal fama das viaturas francesas. O condutor, independentemente da sua altura, facilmente encontra a melhor posição. O banco e o volante dispõem de múltiplas regulações, e até o comando da caixa de velocidades se encontra colocado de uma forma muito prática: ligeiramente elevado e avançado, mais uma vez a lembrar o de um monovolume. Os comandos principais estão dispostos de uma forma racional, garantido a sua funcionalidade. A linha do tablier é simples, mas a sua «massa» é imponente e de aparência bastante sólida. Alguns pequenos pormenores decorativos, como os aros cromados em redor dos instrumentos e, sobretudo, o fundo branco combinado com os ponteiros em vermelho, esboroam qualquer intenção de lhe atribuir conservadorismo em demasia.

QUANTO ao motor que equipa a unidade ensaiada, é o por demais conhecido e multifacetado bloco 1.6 HDi com 110 cv. Trata-se de um dos mais apreciados pela combinação das suas prestações e baixos consumos, sendo um dos que oferece melhor rendimento. Utilizado não apenas no grupo PSA, mas igualmente vendido a outros construtores, apenas deixa a desejar pela ausência de uma sexta velocidade que contribuiria para consumos ainda mais modestos em estrada.
Para além de bastante suave e muito precisa, a caixa de 5 velocidades proporciona no entanto a este 308 bastante desenvoltura para as suas pretensões familiares. Mais uma vez é possível admirarmo-nos com a extraordinária evolução que os motores diesel tem conhecido nos últimos anos, e esta unidade é bem a prova da ausência não apenas de vibrações, como do seu baixo ruído de funcionamento.

NÃO CRESCENDO substancialmente face ao 307, o sucessor mantêm intacta a boa capacidade de manobra, enquanto o aumento da visibilidade veio facilitar-lhe a facilidade de condução. A capacidade da bagageira pouco se alterou, menos profunda e compensada com o aumento da sua altura.
Estas cotas vieram então colocar uma outra questão que se prende com o comportamento. Maior altura resulta, inevitavelmente, num desempenho diferente na abordagem de curvas, em variações bruscas de direcção ou até mesmo em travagens imprevistas. Para manter a estabilidade, foi-lhe endurecida a suspensão e, para com isso não penalizar o conforto, as versões familiares surgem equipadas com pneus com maior perfil e maior capacidade de amortecimento. Em termos práticos, a verdade é que o 308 1.6 HDi, tendo embora presente que se trata de um carro familiar, tem um desempenho bastante seguro e previsível, mesmo quando provocado, sendo perfeitamente natural alguma tendência para alargamento da trajectória.

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PREÇO, desde 24500 euros MOTOR, 1560 cc, 110 cv às 4000 rpm, 16 V, 260 Nm às 1750 rpm, turbodiesel de geometria variável, common-rail, filtro de partículas PRESTAÇÔES, 180 km/h CONSUMOS, 6,0/3,9/4,7 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 125 g/km de CO2

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ESTE
motor com 110 cv, existe para já apenas no 5 portas. O de 3 recebe a mesma unidade com 90 cv e estas são as únicas formas de carroçaria por enquanto disponíveis em Portugal. Muito em breve surgirá a carrinha (SW). A diesel recebe ainda o 2.0 Hdi com 136 cv, podendo este dispor de uma caixa automática de 6 velocidades. A gasolina é o 1.4i com 95 cv que coloca o preço de entrada abaixo dos 20000 €. Existe ainda um 308 muito exclusivo e de cariz desportivo com 150 cv e motor a gasolina de 1,6 l. Todos incluem itens de segurança como o ABS, airbags frontais e laterais de cortina, por exemplo, bem como ar condicionado e outros pormenores de conforto. Quanto ao 1.6 Hdi/110 cv possui 2 níveis de equipamento, um dos quais Sport que não só lhe acrescenta pormenores que fazem jus à designação, como outros de pura mordomia. A denominada Executive é, como o nome indica, orientada para o conforto e requinte, possuindo ambas controlo de estabilidade e esta última airbag para os joelhos integrado na coluna da direcção. O tecto panorâmico que surge na foto é opcional.

Resultado dos testes EuroNcap (2007):

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