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E fala-se também de um carro que poderia ser vendido em qualquer cor, desde que fosse preto!…
ESTA É, provavelmente, a frase que melhor define a noção de racionalidade que representou o Ford T. A sua importância não recai no facto de se tratar de um carro demasiado revolucionário para a época, mas antes por ter sido o primeiro modelo automóvel a utilizar métodos inovadores de construção, representado, durante muitos anos, a noção de fabrico «em série» e marcando, indelevelmente a indústria americana em geral.
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É EVIDENTE que nada disto teria sido possível, se o Ford T não tivesse desde logo sido concebido de forma a tornar este método viável. Desde o início que Henry Ford, o seu criador o desejou simples e acessível, e, tal como alguns anos depois Ferdinand Porsche na Alemanha — o «pai» do Carocha do qual já escrevi mais abaixo —, sabia que só a produção em massa tornaria o seu desejo uma realidade.
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Esse foi sem dúvida o maior legado de Henry Ford. Até aí, os automóveis eram construídos de uma forma muito artesanal e a própria ideia de «carro» era um sonho praticamente empírico para muitos americanos; aliás, em muitos casos, ainda era designado como «carruagem com motor» e, na realidade, pouco mais eram do que isso, difíceis de manobrar, desconfortáveis, nada práticos de conduzir e, sobretudo, inacessíveis à comum das bolsas.
O PRÓPRIO T, não era prático, quando analisado pelos padrões actuais; o acelerador tem a forma de uma alavanca e situa-se junto ao volante, com uma outra a definir o avanço do motor; para andar para a frente, um pedal; para trás, outro…
Mas o mais importante do Ford T — e que permitiria cumprir os desígnios do seu criador — é que possui uma plataforma sobre a qual poderiam assentar vários tipos de carroçaria sem obrigar a grandes transformações, fosse durante o processo de fabrico ou posteriormente. Isto tornava-o deveras versátil, como é óbvio, permitindo que se adaptasse a várias funções durante a sua vida útil.
Além disso, cada peça foi concebida em ligas especiais e até ai inéditas no sector, mais resistentes, mas também mais leves de forma a permitir que os operários as pudessem colocar com menor esforço e perfeitamente ajustadas à tarefa desempenhada. Para a redução de custos e de tempo, o motor continha um número reduzido de componentes e a própria transmissão dispunha de um novo tipo de engrenagens mais fiáveis e resistentes.
O MOTOR de 2,9 litros só debitava 19 cv, mas a velocidade máxima de 55 km/h era o bastante; afinal, as auto-estradas só vieram depois, e o carro é alto para puder transpor os obstáculos da maioria dos caminhos da altura, na maioria em terra e quase sempre enlameados, ou ser usado como veículo de trabalho.
Um pormenor curioso são os travões de tambor apenas às rodas traseiras, pois, na época, supunha-se que capotaria caso os dispusesse à frente.
A eficácia do processo de fabrico fez crescer a sua produção e levou a uma diminuição do seu custo final; mas os seus operários viam os esforços recompensados quando Henry Ford, em mais uma medida completamente inédita, decidiu dobrar os seus salários. Isso só foi possível porque as fábricas, dispondo de menos trabalhadores, produziam mais automóveis do que as suas concorrentes.
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Graças à sua concepção, a América colocar-se-ia muitos anos à frente da Europa que, só muitos anos depois, com o VW, acabaria por adoptar os mesmos princípios.
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A sua obra é parte indelével da história da América e do Mundo, além de que continua a ser objecto de estudo económico.
E para quem se interroga sobre a razão da frase a si atribuída «…pode escolher a cor de carro que quiser, desde que seja preta…», é muito simples: a tinta preta era mais barata, por ser única dispensava mais do que uma linha de montagem e, principalmente, permitia o uso de uma laca especial que tornava o tempo de secagem mais rápido…
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