Hyundai Accent 1.5 CRDi

ACENTUAR A SEGURANÇA



DURANTE alguns anos, entre os ligeiros de passageiros, o Accent foi o porta-estandarte da Hyundai na Europa. Foi sobretudo este modelo que «fez» a (boa) fama da marca, popularizou o nome e cativou novos consumidores. A sua imagem de fiabilidade, aliado ao que, em linguagem económica, se convencionou chamar «good value for the money», ou seja, uma boa relação qualidade/preço, contribui para a implantação da Hyundai no Velho Continente.

ENTRETANTO, novos modelos foram surgindo, diversificando a oferta da marca nos mais variados segmentos. E o Accent, que até então «cobria» a oferta desde os utilitários até aos familiares, viu, sobretudo com o lançamento do Getz, parte das suas vendas «canibalizadas» por este económico e prático modelo.
Numa perspectiva algo rígida de análise do mercado, estruturaríamos o Atos como um citadino (segmento A), o Getz como utilitário (segmento B), o Accent como um familiar (segmento C) e o Lantra no patamar seguinte. Mas, se assim fosse, a empreitada do novo Accent tornava-se complicada…

E PORQUÊ? Porque neste segmento C confrontam-se modelos tão populares como o Renault Mégane, o Opel Astra, o VW Golf ou o Ford Focus, por exemplo, tornando a sua tarefa de conquista de mercado bem mais difícil, não por razões de habitabilidade ou de capacidade mecânica, antes por aquilo que mais pesa ao consumidor típico: imagem de marca, linhas e qualidade aparente.
Mas, olhando para o preço — face ao aumento do equipamento das variadas versões e atendendo a que o novo motor a gasolina tem uma cilindrada superior, ele ficou ainda mais acessível do que a anterior geração —, e para o seu estilo mais compacto — na versão hatchback de três portas, ainda não comercializada em Portugal, essa noção é ainda mais acentuada —, existe uma clara noção de que a sexta geração deste modelo abre espaço para o surgimento de um novo carro — esse sim, mais vocacionado para competir no segmento C —, muito provavelmente baseado no «concept» E3, desenvolvido pelo Centro de Design europeu, em Russelsheim.

AS LINHAS pouco «herdam» da carroçaria anterior, seguindo uma tendência mais arredondada, em benefício da fluidez dinâmica e da segurança, especialmente em termos de protecção de peões. Mas se os gostos são sempre subjectivos, não se pode dizer o mesmo em relação à profusão de plásticos do interior, independentemente da beleza ou do cuidado demonstrado nos acabamentos. Porque, se visto à lupa da concorrência anteriormente referida, onde há uma maior incidência revestimentos suaves e com melhor aparência (daí a «qualidade aparente»), este Accent desilude. Pelo contrário, encarando-o como um utilitário de vocação mais familiar (um segmento em expansão onde se incluem algumas versões carrinha, monovolume e com terceiro volume, vulgo mala), torna-se compreensível a decisão da marca, até porque, em alguns mercados não europeus (e, por que não dizê-lo, menos exigentes), esta é a proposta mais básica da gama.

OS GANHOS da habitabilidade, em relação ao anterior Accent foram somente em altura; em termos de dimensões exteriores, ele é ligeiramente mais curto, ligeiramente mais largo e cerca de 10 cm mais alto do que o antecedente. Já quanto à funcionalidade, surgiram novos pequenos espaços, melhorando também o carácter prático do manuseamento dos comandos, colocados de forma a desviar, ao mínimo, a atenção requerida durante a condução.
É preciso referir que nesta nova geração foi também tida uma especial atenção com a segurança dos ocupantes. Além dos reforços da carroçaria e introdução de zonas de deformação programada, há, pela primeira vez a possibilidade de o equipá-lo com seis airbags (frontais, laterais e de cortina para as duas filas de bancos), e, atendendo aos valores obtidos pelo construtor e face aos resultados obtidos pelo seu «primo» Kia Rio nos testes EuroNcap, registaram-se francas melhorias nos variados tipos de colisão.

NO INTERIOR, salvo a qualidade dos plásticos que merecia uma revisão em alta, pode afirmar-se que a simplicidade das linhas continua a ser uma mais valia. A forma simétrica do tablier, e a evidência da sua parte central onde se congregam os comandos principais, os espaços de arrumação sobre o volante, a pequena gaveta e os porta-copos entre os bancos, o volumoso porta-luvas e as bolsas nas portas, salientam as preocupações com a funcionalidade. O que não aconteceu com a abertura da mala desta versão de quatro portas — possível de ser feita do interior —, mas, do exterior, apenas com o auxílio da chave…
Uma nova compleição dos bancos e melhor insonorização beneficiaram também o conforto, enquanto a posição de condução se mantêm muito prática, ganhando, no capítulo da visibilidade, com a introdução de novos encostos de cabeça dos bancos traseiros.

JÁ QUANTO ao comportamento, esta plataforma, que mantêm a distância entre eixos da anterior, trouxe um incremento do conforto — com a introdução de amortecedores a gás à frente e alterações na suspensão traseira — e, também por isso, da segurança activa, para o que igualmente contam os travões de disco traseiros.
O excelente desempenho do motor 1.5 CRDi ensaiado, capaz de levar o Accent a velocidades bastante elevadas, apela a que o modelo fosse dotado de uma suspensão mais precisa, pois embora nunca comprometendo a segurança, a maior sensibilidade da direcção eléctrica, retira alguma tranquilidade a quem o conduz. Este motor, o mais potente do mercado na sua classe, alia consumos moderados a uma grande elasticidade num regime bastante amplo de rotações, com o escalonamento da caixa de velocidades a saber tirar um bom partido desse facto. De notar que, em breve, estará também disponível o controlo de estabilidade.



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PREÇO, desde 18 750 euros MOTOR, 1493 cc, 110 cv às 4000 rpm , 16 V., 235 Nm entre as 1900 e as 2750 rpm, Injecção Directa common rail com turbo de geometria variável (VGT) PRESTAÇÕES, 180 km/h CONSUMOS, 5,6/4,0/4,6 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 120 g/km
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EM PORTUGAL apenas encontramos uma versão sedan de quatro portas, sendo que, muito provavelmente, a de três poderá surgir mais tarde numa variante desportiva. Também só estão disponíveis dois motores, além do agora ensaiado, o bloco a gasolina de 1,4 l com 97 cv. No curto contacto tido durante a apresentação do modelo em Portugal, este motor não se evidenciou muito face ao comportamento do anterior 1.3, mas tem a vantagem de se tratar de uma unidade mais económica e menos poluente.
Já quanto ao equipamento, a oferta é alargada a três versões (ComfortVersion, ActiveVersion e StyleVersion), no caso da versão a gasolina e apenas as duas últimas neste CRDi VGT. O mais básico propõe ABS/EBD, airbags frontais, computador de bordo, banco do condutor e volante com regulação em altura, quatro vidros eléctricos e fecho central de portas, acrescentando, no nível seguinte — ActiveVersion —, o telecomando para o fecho centralizado, alarme, retrovisores eléctricos, banco do condutor com apoio de braço do lado direito, faróis de nevoeiro e compartimento inferior da bagageira, entre outros itens de estilo como a personalização da consola central. Os preços das versões a gasolina principiam nos 15100 euros, valores equiparáveis a muitos utilitários com motores de idêntica cilindragem, neste caso com a vantagem de dispor de uma volumetria de mala que se mantêm igual ao modelo anterior: 321 litros, ou 859 litros com os bancos rebatidos.
Garantia mecânica de 3 anos sem limite de quilómetros.

Suzuki Grand Vitara 1.9 DDIS

SUV? TT? Os dois!

QUANDO se fala em viaturas de todo-o-terreno de pequena dimensão, fala-se inevitavelmente em Suzuki, em Samurai, em Jimny e em Vitara. Em qualquer concentração deste tipo de veículos é raro não encontrar um destes modelos, mais ou menos transformado, mais ou menos original e com facilidade se escutam elogios às suas capacidades fora de estrada. Mecanicamente eficazes, o tamanho e o baixo peso conferem-lhes excepcionais capacidades de manobra e de transposição de obstáculos, o mesmo não se podendo dizer em matéria de conforto. Mas é difícil agradar em todos os campos…

NA VERDADE, não me recordo de nenhuma marca que, no Ocidente, detenha a reputação, na área dos pequenos «jipes», de que este construtor japonês se pode orgulhar, uma fama que vêm de longe, quando surpreendeu a Europa com um pequeno 4x4 equipado com um exíguo motor de dois cilindros. Anos mais tarde, abalançou-se para o Vitara, mais burguês e mais confortável — dava o conceito SUV os primeiros passos —, mas, ao contrário de outros do género, este não perdia algumas das características que se apreciam num «todo-o-terreno». Curiosamente — ou se calhar talvez não —, com este modelo, acabou também por conquistar uma larga faixa de condutoras, pois que, de pequeno era versátil e fácil de manobrar, a altura permitia-lhe uma boa visibilidade e, com ela, também uma (falsa) sensação de segurança. E foi fashion no seu tempo, ou, se calhar ainda é, pois continua a ser muito procurado no mercado de usados.

MAS, COMO nisto dos automóveis há que estar em perpétua evolução, o Vitara cresceu e nasceu o Grand Vitara, cada vez mais SUV, cada vez mais confortável em estrada, mais espaçoso, mais familiar. E, há quem o diga também, mais masculino, mais para o pai de família que gosta de levar a prol por maus caminhos, até mais perto da praia, mais perto daquela praia fluvial, ou pelo interior belo e profundo deste país. Isto por cá, noutros países será a neve, o gelo da altura das montanhas, noutros locais as picadas de terra batida. Tudo isto sem comprometer o conforto e a segurança de condução numa auto-estrada, a versatilidade de manobra em trânsito urbano ou deixar de oferecer toda uma panóplia de extras destinados a facilitar a vida ao condutor.

NESTA SUA chamemos-lhe segunda geração, o Grand Vitara surge mais jovial, melhorado no aspecto do conforto e com um preço bastante competitivo que o coloca entre os mais acessíveis com tais características. E que características são essas? Habitabilidade, tracção, versatilidade.
A primeira advém de uma carroçaria de cinco portas, com bons acessos e bom aproveitamento do interior. A posição de condução é boa em todos os aspectos, tal como a funcionalidade dos variados comandos graças à sua boa disposição. Atrás viaja-se com desafogo, os encostos destes bancos possuem vários graus de inclinação e o seu rebatimento é fácil. A capacidade da mala é igualmente boa, a abertura da porta é que se faz em compasso devido à colocação exterior do pneu suplente.

PARA O MOVER, encontramos um motor francês de 1,9 l com 129 cv, ao contrário do anterior 2,0 litros. Com um bom binário, factor muito importante não apenas em cidade como quando se lhe exige capacidades de todo-o-terreno, este motor de oito válvulas, no entanto, só acima das 2000 rpm se evidencia. Antes disso torna-se necessário recorrer à caixa, bem escalonada mas algo agreste, à qual seria também bem vinda uma sexta velocidade, não apenas para uma maior contenção dos consumos e de emissão de poluentes — o facto da tracção integral ser permanente também não ajuda nesse aspecto —, como para melhorar a insonorização em velocidades mais elevadas.
Já fora de estrada, as capacidades de tracção e o funcionamento da suspensão são uma agradável revelação. Ainda que seja facto assente que a grande maioria dos seus proprietários não fará uso das suas aptidões — mas é moda ter um SUV … —, a verdade é que o Grand Vitara apresenta um desempenho que surpreende pela positiva, com a possibilidade de bloquear o diferencial central ou de utilizar «redutoras» nas situações mais complicadas. Tudo isto gerido de forma fácil através de um simples botão colocado na consola central, sendo ainda de referir que o controlo de estabilidade que transfere a potência para a roda com mais tracção é, na maioria das vezes, quanto basta para o levar por piso escorregadio.

PREÇO, desde 32900 euros MOTOR, 1870 cc, 129 cv às 3750 r.p.m., 300 Nm às 2000 rpm, 8 válvulas, Injecção directa common rail PRESTAÇÕES, 170 km/h CONSUMOS, 9,4/6,7/7,7 l (extra-urbano/combinado/urbano) CO2, 205 (g/km)

O GRAND VITARA está disponível em carroçaria de três ou cinco portas. E é «Classe 1» nas portagens, o que lhe confere mais um motivo de interesse. A versão mais curta pode dispor do motor a gasolina 1.6 VVT com 106 cv, e está disponível a partir de cerca de 23 mil euros. Quanto à carroçaria de cinco portas, está-lhe reservada apenas esta motorização diesel, declinado em três níveis de equipamento: X-Nature, X-Sport e X-Premium. Cada um destes contempla de série ABS com EBD e assistência a travagens de emergência, duplo airbag (mais laterais dianteiros e de cortina à frente e atrás nos dois níveis mais elevados), ar condicionado, vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado com telecomando e regulação em altura do banco do condutor. X-Sport e X-Premium acrescentam, entre outros pormenores de conforto, o rádio/CD com comandos no volante, revestimentos em pele, jantes especiais, faróis de nevoeiro ou o tecto de abrir.

O «blue jeans» das 4 Rodas



COM A «QUATRELLE», nome pela qual tornou popularmente conhecida, a Renault tinha não só como objectivo criar um veículo polivalente e barato, logo popular, mas, não menos importante, concorrer com o rival Citroën 2CV.
Ao contrário do Volkswagen e do Mini, que partiram da genialidade de dois grandes senhores da história do automóvel, o Renault 4 é produto do trabalho de uma equipa e da vontade de um homem.
Pierre Dreyfus, na altura presidente da Regie Renault, olhando para o panorama social da Europa de então, pediu ao departamento criativo «um carro diferente, cómodo, que sirva para todo o trabalho, com quinta porta traseira e que agrade a todos os clientes do mundo com poucos recursos». «Quero um veiculo que seja como um "blue jeans", totalmente versátil, para toda a ocasião e que não passe de moda...».

E 4 É MESMO um número mágico para o construtor francês. Pouco tempo depois de terminada a II Guerra Mundial, a nacionalizada Renault lançou um modeloque gozou de enorme simpatia, o Renault 4 CV, vulgarmente conhecido por «joaninha». Em finais dos anos 50, o Renault 4 CV custava cerca de 399 mil francos franceses e o Citroën 2 CV, 346 mil. Uma das premissas do caderno de encargos do novo modelo era que o seu preço se situasse nos 350 mil francos.

O PROJECTO 350, designação que recebeu o caderno de encargos da sua concepção, apontava para uma viatura robusta, mais confortável e mais ampla que o 2 CV, mas igualmente de concepção simples, fiável e versátil nos mais variados tipos de piso.
Como qualquer modelo que pretenda fazer história, o carro deveria ser dotado de uma estética fortemente personalizada e de conceitos inovadores. O modo de abertura da quinta porta e o plano de carga isento de arestas, cumpriram a função em termos estilísticos, acabando mesmo por ser adoptado por muitos outros modelos. Mas, para lá chegar, os técnicos depararam-se com bastantes desafios. Para dotar o habitáculo com mais espaço rapidamente se chegou à conclusão que tanto o motor como a transmissão deveriam ser dianteiros; e na suspensão traseira aplicaram-se barras de torção transversais, rodas independentes e amortecedores, numa curiosa posição quase horizontal. Intrigante e provavelmente ainda hoje inédito é o facto de a distância entre eixos ser superior em 48 mm do lado direito.

ESTE APARENTEMENTE simples truque da engenharia mecânica, que se manteve praticamente inalterado durante toda a vida do Renault 4, seria um dos responsáveis pelo à-vontade e robustez demonstradas em qualquer tipo de piso e pelo comportamento, independentemente da carga transportada.
Depois de estudadas as possibilidades de criar um motor de dois cilindros com cerca de 600 cc, a escolha recaiu no propulsor de 747 cc que equipava o «joaninha», por ser a mais económica e fiável das soluções. A caixa de três velocidades tinha apenas a segunda e a terceira sincronizadas. O comando ficou em posição semelhante ao do dois cavalos... Para além das suspensões flexíveis, o R4 possui ainda mais duas inovações: um circuito de refrigeração hermético e selado, com um líquido especial colocado uma única vez na altura da montagem. Foi igualmente o primeiro a suprimir os pontos de lubrificação, graças à adopção de rótulas esféricas e de juntas e articulações era grafite e em borracha. Para a manutenção periódica da viatura bastava, pois, verificar e atestar o nível do óleo do motor e da caixa de velocidades. Além de um pouco de gasolina, claro...

O VEÍCULO que se pretendia fosse como um «blue jeans», versátil, intemporal e para todas as ocasiões, recebeu o nome de Renault 4. De concepção simples, fiável e versátil nos mais variados tipos de piso, o R4 tinha não só uma estética fortemente personalizada, como trazia consigo uma série de conceitos inovadores na industria automóvel, fosse o modo de abertura da quinta porta ou o plano de carga isento de arestas, um circuito de refrigeração hermético e selado, bem como a supressão dos pontos de lubrificação, que lhe facilitavam a manutenção.
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OS PRIMEIROS protótipos entraram em testes nos finais de 1959. O nome de Renault 4 provém dos 4 cavalos fiscais que possuía. Os testes decorreram nas mais variadas situações, desde o mau piso da Sardenha ao frio do estado norte-americano do Minesota, passando pelo calor árido do deserto do Sahara.
Quando o empregado de uma estação de serviço norte-americana viu o novo modelo, exclamou: «que carro se esconde por debaixo desta estranha camuflagem?»
E a aparência era mesmo bastante inédita, deselegante e até bizarra para os cânones estilísticos da altura, principalmente pela secção traseira quase vertical.
Desde logo, o Renault 4 evidenciou uma clara versatilidade para todo o tipo de terreno, mesmo se a fraca potência do motor e a tracção dianteira, pareciam factores inibidores de grandes aventuras.
A reacção dos concessionários e representantes da marca foi de total desagrado e descrédito: um carro com aquela forma nunca se venderia, achavam eles!
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1961 FOI O ANO que marcou o fim da produção do Renault 4 CV (joaninha)e o escolhido para o lançamento do seu sucessor, o Renault 3 e o Renault 4. A 3 de Agosto, é oficialmente produzido o primeiro R4, e, na apresentação à Imprensa, foram propositadamente escolhidos os percursos mais duros. As opiniões dificilmente poderiam ser mais favoráveis. O público conheceu-o no Salão Automóvel de Paris desse ano, através de uma inédita acção promocional: na exposição poderia ser experimentado num circuito de todo o terreno contíguo ao salão, enquanto em Paris, os franceses eram convidados a dar uma volta com o carro, por onde quisessem, ao longo das ruas da capital. De notar que este tipo de lançamento de um novo automóvel não era habitual na altura, tal como a criativa campanha publicitária que lhe sucedeu.
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AS INÚMERAS VERSÕES que conheceu ao longo dos 31 anos de produção, atestam bem a aceitação que o carro teve... e ainda tem. O carisma, a versatilidade do espaço e de condução e uma fácil e nada complicada manutenção, além de pouco dispendiosa, foram as principais razões do seu sucesso. Actor de cinema, viajante empedernido, arma de trabalho, companheiro de férias, missionário em África, camelo no deserto e aristocrata em Paris, Londres ou Roma, a tudo e a todos o R4 se adaptou. O «blue jeans» de Pierre Dreyfus cumpriu a sua função, impondo uma moda e um estilo de que muitos poucos automóveis se podem orgulhar de ter conseguido!
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CURIOSIDADES!
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* Os planos do que seria a segunda geração do R4, começaram ainda antes de a primeira ter sido lançada; os primeiros protótipos apresentavam uma orientação estética oposta ao grande sucesso estilístico do mercado francês da altura, o Renault Dauphine.

* Existiu também a versão de 603 cc e 22,5 cv, com o mesmo bloco mas com cilindros de menor diâmetro. O Renault 3 CV, como foi designado devido à potência fiscal, destinava-se ao mercado francês e seria o concorrente mais directo do Citroen 2 CV.

* Em paralelo com a versão de passageiros, foi criada uma outra essencialmente de carga, a Fourgonette. Para além da originalidade do conceito de pequeno furgão, inaugurou também a pequena abertura na parte traseira do tejadilho, denominada girafon, porque nos primeiros anúncios do modelo era utilizada uma girafa para demonstrar a utilidade desta porta no transporte de objectos mais longos.

* A plataforma versátil deu também lugar a sedutoras ou estranhas formas de carroçaria, desde modelos descapotáveis, jipes (chegou a existir uma versão de quatro rodas motrizes), carrinha de caixa aberta e até um pseudo Fórmula 1!

* Tal como o carro em si a publicidade era igualmente simples e eficaz

* Com mais de oito milhões de unidades é um dos carros mais vendidos de sempre.

* Menos de sete anos após o lançamento, já o construtor procurava um sucessor. A intenção nunca foi confessada, talvez porque o Renault 6, lançado em 1968, nunca conheceu a mesma popularidade.

* Um comunicado da altura descrevia assim o modelo: «não interessa o quanto se puxe por este motor, ele nunca demonstra stress».

* Conheceu inúmeras versões. Uma das mais elegantes surgiu cerca de dois anos depois e foi denominada Parisiense. Esta promoção, lançada em conjunto com a revista Elle, foi um claro piscar de olhos à potencial clientela feminina, ou não tivesse parte da carroçaria revestida com um tecido em tom palha ou padrão escocês.

* Se quisermos encontrar um paralelo de sucesso na história do construtor francês, o exemplo mais próximo é o do Renault 5, apresentado em 1972.Vale a pena referir este modelo, pela história curiosa que rodeou a sua criação, directamente relacionada com o Renault 4. O R5 nasceu quando um dos projectistas da marca francesa, encontrou por acaso uns esquemas do R4. Começou a desenhar por cima dos esboços limando arestas e, subitamente, reparou que tinha criado um novo carro, mais baixo, arredondado e compacto, mas também mais amplo. Os colegas adoraram o resultado e bastaram apenas dois dias para se construir uma maqueta de tamanho real, enquanto, em comparação, tinham sido necessários 27 modelos para se chegar à forma definitivado R6!

* A exemplo do Volkswagen e do Mini, o Renault 4 chegou até aos nossos dias. A sua produção foi descontinuada em 1992 e, em 1997, a Renault apresentou o Kangoo, estabelecendo uma ponte com o seu mítico modelo. Para além da forma, uma porta fazia a diferença. Desta vez era a lateral e, curiosamente, o Kangoo aproxima-se da forma e do conceito de outro carro lançado pouco tempo antes. Talvez não por acaso, esse carro é um Citroën..

Honda Civic 1.4 i-DSI (5 portas)

ARROJADO q.b.!

NO PRINCÍPIO da década de 70, alguns construtores japoneses surpreenderam a Europa com uma gama de viaturas do segmento médio que aliavam uma boa qualidade de construção a preços concorrenciais, dotados de uma mecânica simples, fiável e bastante eficaz. Toyota Corolla, Nissan (Datsun) Sunny (1200) e Honda Civic foram, e ainda continuam a ser, os modelos mais emblemáticos dessa geração.

AO LONGO DOS ANOS, qualquer deles se impôs como referência na sua classe, batendo-se de igual com as propostas das marcas europeias. Quanto ao Civic, depois de se ter apresentado, nas últimas gerações, com uma imagem — do ponto de vista estético —, mais consensual, ousa agora espantar com um arrojo de linhas que claramente o destacam no panorama automóvel. Por onde queira se começar, inevitavelmente, esse é o primeiro e principal factor de evidência!

DE LADO, de frente, de traseira; esta geração é inconfundível… e futurista! O formato em cunha, a visão dinâmica e desportiva, a frente agressiva q.b., a fluidez e pureza do traço, tudo neste novo Civic nos transporta para o universo oníroco da Banda Desenhada. Uma visão que se prolonga interiormente, não apenas nas linhas do tablier, como na digitalização e iluminação dos principais indicadores de bordo. A conjugação de cores e o formato dos comandos, demonstram uma clara intenção de renovação, de romper com a tradição, de quebrar com as rotinas.

POSTADOS ao volante, essa é uma das sensações mais imediatas. Há que nos habituarmos a uma nova colocação de alguns comandos, nomeadamente os da climatização, que acabam por se revelar mais práticos e permitem um menor desvio dos olhos em relação à visão da estrada. O formato do volante, oferece uma excelente pega, dispondo somente dos comandos essenciais do rádio e do computador de bordo. A iluminação azulada fornece um tom alegre mas não demasiado espalhafatoso, enquanto que a colocação do velocímetro, num plano mais distante e mais elevado, permite um melhor acompanhamento da velocidade durante a condução.
Em matéria de visibilidade é que se podem realçar alguns enguiços. A forte inclinação dos pilares dianteiros obsta a uma melhor visão lateral, enquanto a forma do vidro traseiro levanta dificuldades em manobras naquela direcção.

QUANTO à compleição dos bancos, houve novamente uma extrema preocupação em proporcionar as melhores sensações a bordo, com bom apoio e firmeza das esponjas. Em matéria de habitabilidade, superior à da anterior geração, e, na traseira, bom e suficiente para as pretensões, apresenta ainda a vantagem de, por debaixo dos bancos posteriores, ser ainda possível acomodar alguns objectos, ou, com estes dobrados para cima, proporcionar um segundo espaço de armazenagem. O banco traseiro rebatido cria um espaço para bagagem completamente plano, enquanto o rebatimento total do banco do passageiro dianteiro permite transportar objectos até 2,6 metros de comprimento no interior do habitáculo. A capacidade da mala também ela incrementada para 485 litros, contém ainda um compartimento sob o seu piso.

BONITO, prático e versátil, o novo Civic não é apenas isso. Têm uma mecânica à altura, que não desilude e que, mesmo nesta versão menos potente, oferece um comportamento entusiasmante. O motor 1.4 i-DSI, de 83 cv, possui ignição dupla (de referir que o «start» passou a ser comutado por um botão e não pelo rodar da chave) e sequencial inteligente, controlo electrónico do acelerador que dispensa cabo e que torna muito suave o acto de acelerar, e consumos comedidos numa condução mais descontraída, no que muito ajuda o facto de dispor de caixa de seis velocidades.
Não deixa contudo de ser, como é apanágio dos motores japoneses, bastante rotativo e capaz de impulsionar, sem grande esforço, o conjunto a velocidades elevadas. Ainda que o binário não seja muito expressivo, «respira» melhor acima das 2000/2500 rpm, não se esperando, nessa situação, a mesma moderação de consumos. Exigindo-lhe uma postura mais agressiva, o comportamento revela-se bastante equilibrado e previsível, com a suspensão a demonstrar uma segurança e firmeza que são de exaltar.



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PREÇO, desde 21000 euros MOTOR, 1339 cc, 83 cv às 5700 rpm, 119 Nm às 2800 rpm, 8 válvulas PRESTAÇÕES, 170 km/h CONSUMOS, 4,9/5,9/7,6 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 139 g/km de CO2
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EXISTEM, além deste motor a gasolina, um outro 1.8 com 140 cv, para além de um 2.2 a gasóleo. Todas as motorizações estão equipadas com caixa manual de 6 velocidades, podendo as unidades a gasolina também ser equipadas com uma transmissão manual automatizada de 6 velocidades.
Com um preço de entrada de cerca de 21 mil euros, bastante competitivo e com o essencial do equipamento de segurança e conforto. A versão Comfort, oferece airbags para condutor e passageiro incluindo laterais e de cortina, ABS com EBD, sistema de controlo de estabilidade, ar condicionado automático, computador de .bordo, jantes em liga, vidros e retrovisores eléctricos e rádio/CD com MP3, relegando para a lista de opcionais pormenores de estilo e uns bem vindos sensores de estacionamento traseiros.

Smart Forfour 1.1

IRREVERENTE E EFICAZ!

O PROJECTO Smart não teve um parto fácil. A ideia era gira e original: unir o nome de uma marca de relógios da moda, a Swatch, a um modelo puramente urbano, de dois lugares, de estilo fashion. O SwatchMobile teve vários construtores interessados em desenvolvê-lo, desde o grupo VW à General Motors, passando pelos franceses da Matra, acabando por ser a Mercedes — que já tinha ponderado lançar um carro com as mesmas características nos anos 70 —, a adoptar o conceito.

TUDO ISTO decorreu desde o início da década de 90, e foi já no seu final, em 1998, que os primeiros carros começaram a chegar ao mercado, já com o nome de Smart, como marca e com pontos de venda autónomos, ainda que a sociedade já pertencesse, na sua totalidade, ao grupo DaimlerChrysler. Foram entretanto ultrapassados os problemas iniciais de segurança, dos ocupantes com uma célula de protecção inteligente, e de estabilidade com a introdução de um controlo electrónico da mesma, alterações na suspensão e no tipo de rodado.

GRANDE PARTE do seu sucesso, da sua aceitação inicial, basear-se-ia no capítulo do marketing. O carro, em si, tinha tudo para ajudar: linhas e conceito revolucionários, dimensões pequenas que o tornavam fácil de manobrar e de estacionar em cidade, cores atraentes, diminutos e económicos motores, um preço convidativo para a qualidade oferecida e tornaria a inovar, ao tornar-se no primeiro automóvel a ser vendido pela Internet. O facto do seu nome estar ligado a um construtor de prestígio também ajudava; não apenas possuía credenciais capazes de servir como versão citadina dos clientes tradicionais do construtor alemão, como o seu ar jovem e irreverente agradava a uma faixa etária mais nova e ao público feminino.

O LEQUE de consumidores era portanto bastante abrangente, o que não impediu a Mercedes de estabelecer metas apertadas para a sua rentabilidade. Mas ele não se fez esperar, com os Smart a engrossarem também as frotas de empresas, rent-a-car, organismos públicos e outros. Foi conhecendo novas versões, motores diesel igualmente pequenos e económicos, versões descapotáveis e, o que inicialmente seria um pequeno carro de cidade, muito rapidamente se tornou numa marca com uma gama que já inclui um coupé e um descapotável desportivos.

NÃO FOSSE PLÁGIO e aplicar-se-ia a frase «é tão giro ter um Smart»! De súbito, os seus responsáveis viram-se perante a necessidade de oferecer um modelo de dimensões familiares mas igualmente irreverente. Inicialmente chegou a estudar-se a hipótese de um acordo de partilha de componentes com o grupo PSA, mas a escolha ficou em «casa», recaindo sobre a Mitsubishi — é o grupo DaimlerChrysler quem controla o construtor nipónico —, parte da responsabilidade do desenvolvimento de um novo citadino de quatro lugares. Nascia assim o Forfour (para quatro)…

PARTILHANDO a plataforma e muitos outros componentes com o Mitsubishi Colt, os dois não podiam ser mais distintos ao olhar; enquanto o «primo» japonês aposta numa estrutura volumétrica mais «monovolume», o Forfour prossegue o arrojo estilístico e personalizado do rebaptizado Fortwo (para dois…), com painéis arredondados que podem adoptar diferentes cores (é assim que ele se torna mais «giro»…), interior simples mas muito irreverente e um comportamento dinâmico de excepção.

EXTERIORMENTE não lhe faltam os «tais» pormenores que o tornam único; à frente, o formato dos faróis, lateralmente o molde boleado dos painéis, na traseira, a colocação e forma do grupo óptico, por exemplo. E, no seu interior, um painel de bordo muito simples, nas linhas e convencional na distribuição dos comandos, mas que consegue transmitir emotividade a quem o contempla; há um toque muito descontraído e jovial nos visualizadores arredondados, na colocação das saídas de ventilação, na luminosidade potenciada pela conjugação de tons claros, no próprio formato do volante. A qualidade geral dos materiais ajusta aos fins propostos para o segmento e o facto do painel ser, em grande parte, constituído por uma única peça, contribui para a sua solidez. Destaque para o cuidado nos acabamentos, e também para os pequenos espaços disponíveis, não muitos é certo, mas práticos.

JÁ EM MATÉRIA de habitabilidade, o Forfour conjuga a funcionalidade de um banco traseiro deslizante longitudinalmente, para oferecer mais espaço para os seus ocupantes, ou maior capacidade de carga. Na primeira situação, é mais do que suficiente para que dois adultos se sintam confortáveis, ainda que, naturalmente, o espaço para as pernas, esteja condicionado também às necessidades dos ocupantes dos bancos dianteiros. Quanto à capacidade da mala, que peca por um acesso algo elevado devido à pouca altura do vidro que faz as vezes de porta, não se destaca pela negativa face à concorrência nos seus 268 litros com o banco recuado. Parte do ganho advém do recurso a um pneu de emergência mais pequeno.

COM UMA VOCAÇÃO muito utilitária, a versão economicamente mais acessível é a ensaiada, que recorre a um motor de três cilindros com 75 cv. Trata-se de um bloco muito pequeno e com um centro de gravidade realmente baixo, de aparência simples mas extraordinariamente competente. Não apenas no desempenho, como em matéria de consumos, efectivamente comedidos, silencioso e bastante equilibrado face à arquitectura ímpar de cilindros. Para o seu sucesso, muito contribui o belíssimo escalonamento da caixa manual de cinco velocidades, que aproveita um binário nada expressivo, mas que lhe possibilita não apenas uma desenvoltura expedita em cidade, como uma vivacidade em estrada capaz de satisfazer os mais exigentes.
Pela conjugação destes factores, facilmente nos esquecemos da sua exígua cilindrada de 1,1 litros, já que a eficácia em curva e a estabilidade em velocidades mais elevadas são na verdade muito boas, evidenciando, primeiro um primoroso acerto da suspensão — que lhe garante também uma suavidade de rolamento que contribui para o conforto —, depois a mais valia que resultou do baixo centro de gravidade e da distribuição equilibrada dos principais órgãos mecânicos.

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PREÇO, desde 12550 euros MOTOR, 1124 cc, 75 cv às 6000 rpm , 100 Nm às 3500 rpm, PRESTAÇÕES, 165 km/h CONSUMOS, 7/4,6/5,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 130 g/km
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O FORFOUR propõe vários motores a gasolina — além do ensaiado, um menos potente com a mesma cilindrada, um 1.3 com 95 cv e um 1.5 com 109 ou 177 cv! A diesel, a oferta cinge-se a um único bloco de 1,5 l, com potências de 68 ou 95 cv.
A ligação a um grupo construtor de prestígio e tanta originalidade, acabam por ter reflexos no preço. O equipamento de série é escasso na versão mais acessível — Pure —, quedando-se pelos itens de segurança como o duplo airbag frontal, airbags laterais dianteiros, ABS e ESP, e de conforto como os vidros dianteiros eléctricos ou o fecho centralizado (automático durante a condução) com telecomando.
Resultado do modelo nos testes de segurança EuroNcap:

Toyota Yaris 1.4 D-4D

MAIOR E MAIS SEGURO

QUANDO no dealbar do século a Toyota lançou o Yaris, fê-lo com objectivos claramente ambiciosos de conquista do segmento dos utilitários no Velho Continente, tendo, de uma forma inédita, desenvolvido o conceito auscultando permanentemente jornalistas e técnicos europeus de forma a produzir um carro o mais consensual e o mais próximo dos desejos do consumidor europeu.

O RESULTADO foi, desde logo, a conquista do galardão «Carro do Ano», um troféu para o qual votam jornalistas de cerca de 20 países europeus…
Na realidade, a 1.ª geração acabou por ter uma grande aceitação da parte do público, sobretudo feminino, com uma gama ampla de versões que iam desde os económicos 1.0 a gasolina e 1.4 a gasóleo, passando pelas versões desportivas «T-Sport» com motores 1.5. Ainda que tenha guindado a marca japonesa para números expressivos no segmento, graças a uma série de novidades de aproveitamento do espaço como o banco traseiro com deslocação longitudinal e motores evoluídos com variação da abertura das válvulas, a verdade é que a supremacia na sua classe nunca foi tão evidente quanto os japoneses o desejariam, apesar dos mais de 1,2 milhões de unidades vendidas.

É QUE SE TRATAVA de uma tarefa nada fácil, a de concorrer num campo onde confrontam imensas propostas de marcas europeias com historial na classe. A seu favor, a Toyota impôs o prestígio da marca, um Yaris com índices de fiabilidade e segurança elevados como atestam os diversos galardões obtidos, uma manutenção acessível, além de uma estética simpática e grande poder de manobra.
Pelo meio da vida da primeira geração ocorreu uma ligeira renovação estética e dotação de mais equipamento de série — o principal dos quais o ABS, corrigindo o equilíbrio da traseira em travagens bruscas —, vindo, com esta segunda geração, favorecer um dos factores mais importantes: o incremento da habitabilidade, sem grande reflexo das dimensões exteriores.

O TOYOTA YARIS parece, e de facto é, maior do que o seu antecessor. Mas não muito. Onze centímetros no comprimento, mais alto e ligeiramente mais largo, são os nove centímetros a mais na distância entre eixos que mais contribuem para uma melhor habitabilidade dos ocupantes do banco traseiro, agora com cerca de mais 5 cm de distância entre as duas filas de bancos.
Quanto à capacidade da mala é mais controverso; uma prateleira, colocada no plano de abertura da porta da mala — sob a qual é possível colocar objectos fora do alcance da vista num espaço com 50 l de capacidade — torna mais curta a distância que vai desta à chapeleira, mesmo se, em profundidade, a bagageira cresceu 13 cm. Sob tudo isto, encontra-se um pneu de emergência fino…
Claro que a regulação longitudinal do banco traseiro em 15 cm — com um processo mais fácil de movimentação localizado no topo lateral do respectivo encosto e que dispensa a remoção dos encostos de cabeça — amplia bastante a sua capacidade, ainda assim deixando algum espaço para as pernas dos respectivos ocupantes. A sua capacidade mínima é agora de 272 litros.

ONDE MAIS se nota este aumento das dimensões é, desde logo, quando nos sentamos ao volante. O painel surge mais imponente e mais profundo, permitindo a existência de novos pequenos espaços para arrumação. E são, de facto, bastantes e engenhosos, extremamente úteis e práticos. Talvez por isso, pelas maiores dimensões do tablier, por uma disposição mais cuidada dos comandos — com destaque para um renovado painel de instrumentos ao centro —, pelos pequenos pormenores de cor que sobressaem das linhas fluídas, que esta geração Yaris nos faz parecer tratar-se de um modelo mais adulto e equilibrado. O construtor também a isso foi «obrigado» com o surgimento do pequeno e citadino Aygo, de forma a distinguir claramente os dois modelos. Ainda que os plásticos estejam lá e à vista, a sua robustez tem claramente o cunho da tradicional qualidade Toyota.


TEMOS, POIS, ao volante, a sensação de um carro maior, e a própria posição, ligeiramente mais elevada, bem como a profundidade do tablier, requerem acertos mais cuidados do banco e da direcção, para que nos sintamos confortáveis. Continua a não ser dos mais compridos do segmento e, em manobra, a forte inclinação dos pilares dianteiros, as linhas de cintura e da traseira mais elevadas — que contribuem para a impressão de solidez e segurança do conjunto — não são um grande óbice à visibilidade. O espaço disponível no banco traseiro melhorou bastante, os cintos de três apoios e a disponibilidade de airbags traseiro vieram, igualmente, reforçar a segurança dos passageiros.

MAIORES dimensões e maior peso, trouxeram naturalmente maior estabilidade ao Yaris. Para além do reforço da segurança, as preocupações com o conforto passaram também por mais revestimentos insonorizantes — ainda que o ruído do motor diesel nunca deixe de estar presente… — e por uma nova ancoragem da suspensão traseira numa plataforma inteiramente revista.
O comportamento em curva e em travagem melhorou significativamente, graças também a uma maior firmeza no amortecimento a que obriga a sua altura.
O maior peso veio, pelo menos na versão diesel ensaiada, retirar algum fulgor que a mesma possuía na primeira geração. É certo que se trata de um motor potente mas em que os valores ideais de binário se situam em torno das 2000 rpm, o que obriga a permanentes trocas de velocidade. Contudo, os consumos mantêm-se comedidos em condução descontraída, para o que certamente também contribui a boa fluidez aerodinâmica das linhas da carroçaria.


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PREÇO, desde 18000 euros MOTOR, 1364 cc, 90 cv às 3800 rpm , 190 Nm entre as 1800 e as 3000 rpm, PRESTAÇÕES, 175 km/h CONSUMOS, 5,4/4,0/4,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 119 g/km

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COM ESTA GERAÇÂO, o Yaris manteve algumas motorizações da anterior geração — ainda que melhoradas na eficiência, conhecendo outras. A base da gama assenta num novo 1.0 de 3 cilindros a gasolina com 69 cv — o do Aygo — progredindo para um 1.3 — muito importante em termos europeus mas não em Portugal —, com o binário reforçado. Por enquanto, a gasolina, o nosso país deverá conhecer apenas estes — futuramente, a versão T-Sport assentará num 1.8 —, enquanto que, a gasóleo, a aposta recai sobre os 90 cv debitados pelo 1.4 D-4D objecto deste ensaio.
A par da caixa de velocidades manual, existe ainda uma outra designada «Multi-Modo», operada por motores eléctricos e de transmissão robotizada com uma embraiagem pilotada electricamente, que possibilita passagens de caixa em modo totalmente automático ou sequencial, com opção desportiva.
Outra novidade opcional é o «Smart Entry & Start», um sistema avançado de entrada e de arranque inteligente, em que a luz de cortesia se acende sempre que detecta a presença da chave na vizinhança do carro e a entrada e arranque não requer ranhura para a chave, bastando pressionar um botão de start para ligar o motor.
Em matéria de equipamento, tendo o Yaris sempre sido considerado um dos veículos mais seguros da sua classe, é natural que assim se mantenha. Por isso, a par dos quatro airbags (dois frontais e laterais) disponíveis de série, pode ainda ser dotado de airbags de cortina e para os joelhos (estreia neste segmento), com painéis de protecção localizados no interior das portas. Mas, para alcançar a pontuação máxima nos exigentes testes Euro-Ncap, além dos reforços estruturais da carroçaria, bancos que diminuem o efeito de «chicote», coluna da direcção e pedal de travão retrácteis, conheceu também desenvolvimentos no sistema de travagem com múltiplas ajudas, desde o ABS, distribuição electrónica da força de travagem e assistência a travagens de emergência.Em conjunto com todo este equipamento que se encontra disponível no Toyota Yaris 1.4 D-4D Rock in Rio ensaiado (incluindo os airbags laterais traseiros e de joelho), encontramos ainda os vidros e retrovisores eléctricos, fecho centralizado das portas com telecomando, ar condicionado manual, volante e punho da caixa em pele, rádio/CD com comandos ao volante, ajuste em altura e em profundidade do banco do condutor e do volante e computador de bordo, por cerca de 20 mil euros.

Resultado do modelo nos testes de segurança EuroNcap:

Peugeot 207 1.4 16 V

UM NÚMERO MÁGICO!

SE A SIMBOLOGIA do número 7 nos remete para o equilíbrio e perfeição, para a energia e ordem cósmicas, para a transição dos ciclos celestes, então, salvo as versões carrinha e coupé-cabriolet do 206, toda a actual gama de passageiros do construtor francês encerra com este número. E o mais recente membro é exactamente aquele que vêm substituir um dos maiores «best-sellers» de sempre para a marca do leão.

EM POUCO mais de sete anos, o 206 tornou-se no modelo mais vendido de sempre pela Peugeot, acima das de cinco milhões de unidades produzidas, e destronando o 205, com maior tempo de comercialização mas menos versões de carroçaria. Mas os tempos são outros, o mercado e, particularmente este segmento, está em permanente ebulição, todos os anos saindo novos e renovados modelos, pelo que a disputa de mercado é muito mais intensa.

DOIS DOS FACTORES que contribuíram decisivamente para o sucesso do 206 foram, sem sombra de dúvida, a estética e o comportamento. Como é vulgar dizer-se, em equipa que ganha não se mexe… e o 207 é bem o exemplo disso nestes dois aspectos. As linhas adquiriram maior fluidez — sobretudo a frente, mais dinâmica e agressiva na sua imponente entrada de ar e no formato do capot, a exemplo de outras recentes criações do construtor —, o formato da traseira veio dar-lhe uns centímetros extra à capacidade da mala e melhorou a habitabilidade em altura, tal como o aumento da distância entre eixos beneficiou o espaço disponível para os ocupantes do banco traseiro. Este aumento de dimensões, nomeadamente da plataforma, acabou também por contribuir para a melhoria da estabilidade e do comportamento do 207 em relação ao seu antecessor.

MAS, SE AS LINHAS nos remetem para o anterior 206, pode dizer-se que há muito de novo neste 207. A plataforma da marca que serve os modelos mais pequenos do construtor cresceu para albergar as maiores dimensões da carroçaria, o modelo pode dispor de dois estilos de frente — mais clássica ou mais desportiva —, e a oferta de motores a gasolina de cilindrada inferior a 1,4 l (por enquanto a única disponível é a ensaiada) conhecerá novidades. Ainda a gasolina, aparecerão novos motores de 1,6 l desenvolvidos em conjunto com a BMW com 115 e 150 cv e, mais brevemente, uma versão menos potente deste motor 1.4 com 75 cv.
Por outro lado, as preocupações com a segurança foram um pontos principais no caderno de encargos, levando-a a alcançar o número máximo de estrelas (cinco) nos testes Euro-Ncap.

O AMBIENTE a bordo melhorou, não apenas pela maior habitabilidade, como pelo uso de revestimentos de melhor qualidade e mais suaves aos tacto. Muito mais cuidado em matéria de acabamentos, com um tablier tão fluído e bonito quanto as linhas exteriores o sugerem, mas que não inova na disponibilidade de pequenos espaços, o 207 não deixa de cativar sobretudo pela excelente posição de condução que proporciona. Não indo pela tendência em altura que os construtores têm seguido nos últimos tempos, o condutor acaba por ter uma postura mais desportiva e ter uma impressão de maior dinamismo e controlo sobre o conjunto. A visibilidade não sai grandemente prejudicada pelo facto, até porque este «leão» se deixa conduzir de forma simples e prática.

A EVOLUÇÃO em matéria de habitabilidade não o coloca como referência no segmento — digamos que os ocupantes traseiros poderão viajar com um pouco mais de desafogo das pernas e os de maior estatura ficarão mais longe do tejadilho..., enquanto os ligeiros ganhos obtidos na capacidade da mala ainda assim não foram significativos, embora o seu acesso em altura mereça uma referência positiva. Não é um modelo que se adapte inteiramente a um uso familiar constante, embora possua motivos para cativar «pais de família» despachados — a posição inclinada dos instrumentos e, no caso da versão ensaiada, os pormenores cromados que os circundam são deveras sedutores… — e contenha um claro piscar de olhos às condutoras, ao proporcionar pormenores de conforto que vão além da elegância das linhas.

NO QUE O 207 mais se destaca é no comportamento. E aí leva a palma à concorrência! A sua atitude em estrada é de uma aderência e segurança que roçam a insolência, não deixando com isso de se assumir como um dos utilitários mais confortáveis do segmento. O desempenho da suspensão é de tal forma equilibrado, que o pouco adorno da carroçaria em curva não passou por uma firmeza exagerada das molas que afectasse o conforto em piso irregular.
Para mais, este 1.4 de 90 cv é de uma disponibilidade muito grande e, não sendo um desportivo, não deixa o 207 ficar mal tanto em velocidade de ponta como nas recuperações. O manuseamento e precisão, tanto da caixa de velocidades como da direcção, contribuem para isso, bem como a fluidez das linhas da carroçaria que, além do mais, colocam esta versão, em termos de consumo em estrada, como uma das melhores da categoria.



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PREÇO, desde 15150 euros
MOTOR, 1350 cc, 90 cv às 5250 rpm , 133 Nm às 3250 rpm
PRESTAÇÕES, 180 km/h
CONSUMOS, 8,5/5,2/6,4 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES CO2, 152 g/km

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A GAMA NACIONAL DO 207 articula-se, por enquanto e até à substituição das variantes SW e CC do 206, em torno das carroçarias de três e cinco portas e duas secções dianteiras de estilo clássico ou desportivo. O nível de equipamento mais baixo foi designado «Urban», seguindo-se o «Trendy» e finalizando com o «Premium», que não faz concessões ao conforto. Para os de imagem mais desportiva estão disponíveis os níveis «Sport» e «GT». Para não tornar exaustiva a descrição dos variados níveis, refira-se que o equipamento base da versão mais vocacionada para clientes particulares — «Trendy» — contempla o ABS com repartidor electrónico de travagem e assistência à travagem de emergência, airbags frontais, laterais dianteiros e de cortina, fecho centralizado e automático das portas em andamento, rádio/cd com comandos sob o volante, computador de bordo, volante regulável em altura e profundidade, banco do condutor e do passageiro reguláveis em altura, jantes em liga leve, vidros dianteiros e retrovisores eléctricos.
Para além dos motores a gasolina já referidos no texto principal, o 207 conta com os propulsores diesel HDi do grupo PSA (Peugeot Citroën) 1.4 de 70 cv, 1.6/90 cv e 1.6/110 cv, o primeiro dos quais com preços a partir dos 17550 euros.
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