Citroën C5 2.0HDi 138 FAP


Piscar de olhos

ESTE CITROËN é revolucionário sem ser polémico. Revolucionário para a marca que desenhou um veiculo com aspecto adulto e moderno, sem traços de exagerado futurismo. Menos polémico do que algumas criações anteriores, isso aproxima-o de uma clientela nova, seja ela conservadora e familiar ou, por razões que explicarei mais à frente, mais executiva. O que não acontecia com o anterior C5 que, ainda e sempre baseado num chassis equipado com a suspensão hidropneumática que se prometia extremamente eficaz e fiável e com um interior que apresentava uma elevada aura de conforto para os padrões da altura e para o seu segmento, voltava, no entanto, a insistir numa estética pouco ou nada consensual.

NO PLANO ESTÉTICO,
este C5 encerra como maior novidade a arquitectura das quatro portas em detrimento de um portão traseiro a abrir em conjunto com o vidro. Disfarça o facto com uma linha de tejadilho que prolonga acentuadamente a inclinação do óculo traseiro, contribuindo largamente para um porte simultaneamente elegante e dinâmico. É clara a inspiração noutras silhuetas e noutras formas, seja nesta secção do carro mas também na frente pujante, dominada por uma imponente entrada de ar. A linha de cintura elevou-se conferindo-lhe algum desportivismo e, voltando à zona traseira, a tampa da mala adopta uma configuração e estrutura que facilita e lhe amplia o ângulo de abertura.
Embora no conjunto o novo C5 seja ligeiramente maior do que o anterior, esse acréscimo não beneficia a mala que diminuiu a sua capacidade para uns ainda assim interessantes 471 litros.

O AUMENTO das dimensões, principalmente em largura, veio beneficiar em muito a habitabilidade interior. Quando nos sentamos, percebe-se a aposta numa escolha mais refinada dos materiais, mas também na qualidade de construção e dos acabamentos, decisivos para a sensação de conforto. Mas é em rolamento que essas características acabam por ser mais perceptíveis, ao nos apercebermos da eficácia da insonorização e da capacidade de amortecimento do C5. Quem viaja, até mesmo no banco traseiro, pode contar para além de bastante espaço e bancos com excelente apoio, até com saídas do ar condicionado capazes de climatizar convenientemente esta zona do carro. Seja por este facto, pela silhueta exterior moderna, elegante e mais discreta do que é habitual na marca francesa ou até pelo abandono do esquema de cinco portas de vocação mais familiar, a verdade é que o C5 oferece formas executivas capazes de se integrarem facilmente nas pretensões de algumas empresas.

NA CONDUÇÃO do C5 destacam-se desde logo dois aspectos: o primeiro, o rodar do aro do volante com a zona central fixa, algo que se conhece do C4, por exemplo; depois a profusão de comandos que este dispõe e que exigem necessário estudo prévio. Também o tablier do carro francês é dominado por botões. A quantidade de equipamento que pode dispor é de facto impressionante: aos habituais sistemas de estabilidade, de tracção, de navegação, de climatização, cruise control, etc, juntam-se os sensores de estacionamento, controlo de transposição involuntária de faixas que alerta o condutor através de vibrações no assento sempre que se «pisa» uma das linhas da estrada (AFIL, 400 euros), aquecimento dos bancos, controlos de telefone e o mais que se possa desejar, não só nesta como numa categoria superior.
Mas não só! O travão de mão, substituído por um botão, liberta espaço entre os bancos e porque falamos de um carro que beneficia da avançada suspensão hidraactiva de 3.ª geração, existem comandos para controlar a altura do carro ao solo.

HÁ OUTRO ASPECTO que indicia novas pretensões do C5: a possibilidade de algumas versões poderem dispor de uma suspensão, digamos, mais convencional que a marca denomina como «Metálica».
Mas é a Hidractiva 3 Plus que equipava o C5 ensaiado e a ela me referirei. Adaptável em flexibilidade e amortecimento às solicitações do condutor e ao tipo da estrada, tanto pode, no modo «sport», apresentar-se mais rígida para melhores sensações de condução e um comportamento apurado, como oferecer um curso mais longo para melhorar a capacidade de amortecimento e, assim, garantir maior conforto.
Controlada por dois sensores em cada eixo, esta suspensão permite manter a distância ao solo independentemente da carga.

ENTRE AS AJUDAS à condução conta-se um equipamento que informa o condutor se um determinado espaço é suficiente ou não para estacionar, opcional que custa 500 euros. À noite, em estrada, os faróis direccionais são outro contributo à segurança. E segurança foi algo que o construtor não descurou no modelo, ciente da sua importância para as ambições na classe. Há até nove airbags por todo o habitáculo: frontais e laterais para condutor e o passageiro, adicionalmente um outro para os joelhos do condutor. Dois airbags de cortina asseguram a protecção da cabeça dos passageiros dianteiros e traseiros. Opcionalmente podem ainda contar com laterais.
A estrutura da carroçaria reforçada e os materiais absorventes de ruído acabam também por desempenhar um papel nesse campo. No primeiro caso, a contribuir para uma postura em estrada bastante estável e capaz de inspirar confiança em velocidades elevadas, com um desempenho em curva que, no modo familiar da suspensão, adorna ligeiramente o conjunto.
Quanto ao motor, se os 138 cv desta versão não impressionam face à concorrência, a verdade é que, em estrada, tanto a potência como o binário são convenientemente explorados por uma caixa de seis velocidades. Mas é um conjunto pesado e isso reflete-se claramente, tanto nos consumos urbanos como no valor das emissões.

— 0 —

PREÇO, desde 36000 euros MOTOR, 1997 cc, 138 cv às 4000 rpm, 320 Nm às 2000 rpm, 16V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler e filtro de partículas CONSUMOS, 9,9/5,0/7,0 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 157 g/km de CO2

— 0 —

MAZDA 6 2.0 MZR-CD


Sedução reforçada

A IMPRESSÃO mais forte com que fiquei tanto da versão de quatro portas como da carrinha Mazda 6, foi a de carros apaixonadamente bonitos e... grandes. Digo «grandes» não «pesadões» ou menos ágeis. Bem pelo contrário! Ambos impõem uma habitabilidade excepcional, sem sacrifício das características dinâmicas que são tão apreciadas no segmento e na marca japonesa em particular. No entanto, não são os maiores conjuntos do seu segmento, voltando a ser a estética, a exemplo da primeira geração 6, um dos seus principais trunfos.

VAMOS a números. Face ao anterior, até nem cresceu muito. No caso da berlina, cerca de 65 mm de comprimento e 15 de largura. Já a Wagon ganhou 75 mm na primeira medida e o mesmo do quatro e cinco portas na segunda. Ficam a pouco mais de um palmo dos 5 metros.
Contudo, as cotas interiores cresceram de forma mais expressiva, fruto de uma maior distância entre eixos e de um melhor aproveitamento interior; trata-se de um carro novo e não de uma evolução. Mesmo com bancos maiores, os ocupantes traseiros dispõem de mais espaço e a bagageira, tanto num caso como no outro, beneficiou de ligeiro incremento.

GOZAM ambos de mais espaço interior e igualmente de linhas mais adultas e distintas. Sem perderem o carácter sedutoramente desportivo que a Mazda coloca nas suas criações. O traço da cintura elevou, diminuindo com isso a superfície vidrada lateral, o que lhe dá um aspecto mais musculado. O acentuado perfil dianteiro, um grupo óptico esguio e umas proeminentes cavas de rodas, contribuem igualmente para o inegável espirito de dinamismo que impera neste Mazda 6. E embora apresente praticamente os mesmos motores da linha anterior e sejam de maiores dimensões, os primeiros, mais eficientes, e uma diminuição de peso que no caso da wagon chega a ser de 85 kg, contribuem para a melhoria das capacidades em estrada.


BONITO e bem concebido exteriormente, o Mazda 6 não defrauda interiormente. O habitáculo, moderno e equilibrado nas formas, não utiliza materiais que impressionem, mas os acabamentos são cuidados. Ergonómico q.b. na disposição dos comandos, se exceptuarmos a posição, demasiado para a direita, do travão de mão. É igualmente muito desportivo não só na aparência — desenho do volante, forma e leitura dos instrumentos, jogo de cores —, como na própria posição de condução, mais baixa do que a generalidade das berlinas familiares. Face ao antecessor ganhou aerodinâmica, habitabilidade e sobretudo capacidade de mala: mais de 500 litros, com bastante profundidade. Tornou ainda mais prático o rebatimento dos bancos traseiros a partir da bagageira, algo que facilita bastante as operações. A carrinha oferece também a curiosa particularidade da cobertura acompanhar a abertura do portão traseiro, poder ser guardada sob o piso e de ter um acesso baixo.


A POSIÇÃO de condução reforça o espírito zoom-zoom deste novo 6, mas não dispensa as habituais comodidades de um familiar. Como um apoio de braços movimentável ou comandos áudio no volante muito práticos para accionar o excelente sistema Bose, por exemplo. Pode receber sistema de navegação. Para ligar o motor já dispensa a chave em prol de um botão de start/stop na presença de um «cartão» que serve como telecomando e para trancar ou destrancar as portas na presença; o sistema áudio/telefone com bluetooth pode ser accionado por voz, tem ligação para i-pod e uma panóplia de equipamento que torna este 6 numa das melhores relações preço/equipamento do mercado. Com garantia de três anos ou 100 mil quilómetros dada por uma marca justamente considerada uma das mais fiáveis nos diversos estudos de satisfação do cliente.


O DESENHO desportivo e até mesmo agressivo das versões de quatro e cinco portas, ou até mesmo da carrinha ainda que esta tenha vocação mais familiar, o posto de condução e diversos pormenores, são convenientemente complementados pela parte mecânica. O 6 é de facto um dos mais agradáveis e divertidos automóveis familiares que já tive o prazer de conduzir em trajectos sinuosos, com uma frente que se insere facilmente em curva e não perde tracção mesmo quando estas requerem forte apoio. Transmite boa sensibilidade de reacções a quem mantêm o volante entre mãos. A traseira acompanha muito bem a trajectória, mesmo na carrinha, sem grande escorregamento ou desvios, graças a uma suspensão bastante desportiva que penaliza um pouco o conforto quando o piso se torna irregular.
A insonorização proporciona uma ligeira pitada desportiva ao ser inconveniente nos regimes mais altos. O motor progride sem esforço graças a uma caixa de velocidades bem escalonada, curta e rápida nas passagens. No campo das prestações como no dos consumos, a redução de peso e o baixo coeficiente aerodinâmico são vantagens inegáveis, contribuindo também para emissões poluentes mais reduzidas.


— 0 —
PREÇO, desde 30000 (31100) euros MOTOR, 1998 cc, 140 cv às 3500 rpm, 330 Nm às 2000 rpm, 16V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler e filtro de partículas CONSUMOS, 6,7(6,8)/5,0(5,0)/5,6(5,7) l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 147(149) g/km de CO2 (os valores entre parênteses referem-se à carrinha)
— 0 —

Mercedes SLK 200 Kompressor


Como se fosse uma estrela de cinema...

SE O AGENTE 007 conduzisse um Mercedes, quase de certeza que escolheria um SLK. Não exactamente a versão de que falo esta semana, antes um potente e bem mais exigente 55 AMG equipado com motor V8 a gasolina, de 5439 cc e 360 cv de potência...
No entanto, não me recordo de alguma vez ele ter conduzido a marca da estrela. Aliás, por razões de coração, se é que o têm, optou quase sempre por modelos de marcas inglesas, salvo uma ou outra rara excepção. Talvez num dos futuros filmes isso ainda venha a acontecer e, garanto-vos, não iria mal servido!

NACIONALIDADES à parte, o Mercedes SLK é um produto do inegável rigor de construção alemão, ou, por outras palavras, de uma marca germânica capaz de construir e desenhar «estrelas» que brilhem mais do que o seu próprio símbolo; com a versatilidade cada vez maior de ser capaz de apresentar modelos tão utilitários como o Classe A, manter uma excelente reputação no segmento dos comerciais ou entre os «táxi», e ainda vincar a sua supremacia na categoria dos super desportivos e das viaturas de luxo.
É próximo destes últimos que encontramos o SLK, que, equipado com este motor a gasolina, custa em Portugal menos 50 mil euros. Mesmo com o acréscimo da pintura metalizada ou de uns estofos em pele (1482€).

O QUE TORNA este carro tão apetecível? Caso fosse Soraia Chaves a responder, provavelmente diria... «Tudo!». Fico-me pelo «quase tudo» apenas porque me apetece fazer-me difícil!
É que o que mais atrai no SLK é a forma e a circunstância... como se despe! Embora o faça apenas da «parte de cima», leia-se, a capota. E fá-lo com elegância num espectáculo que dura pouco mais de 20 segundos. O tejadilho rígido recolhe à mala, sobre uma cobertura rígida que a separa do resto da carga e mantém a integridade da mesma. O processo é simples, sem fechos ou outras complicações: basta premir num botão. Quanto à mala, a capacidade até nem é má: atinge os 300 litros em versão coupé, mesmo com uma roda suplente fina.

O POSTO de condução não traz nada de novo em termos de conceito; piloto e pendura vão encaixados em belas backets quase de competição, numa posição realmente baixa e separados por um túnel central que leva a transmissão às rodas traseiras. No entanto, mesmo com a capota sobre as cabeças não está presente a sensação de claustrofobia. O SLK é relativamente comprido e o tablier avança bastante dentro do cockpit.
Quanto a pequenos espaços, há bom aproveitamento dos locais possíveis: túnel central, consola e até ao centro, atrás dos bancos. A visibilidade não é má e para as manobras traseiras pode contar-se com sensores de estacionamento ou, por mais quase mil euros equipá-lo com o sistema Parktronic que, mediante sensores de radar, analisa o espaço de estacionamento e ajuda o condutor a manobrar com a máxima precisão.
EM VIAGEM, com o tejadilho recolhido, a deslocação do vento não «massacra» os ocupantes, nem evidencia excessivamente os ruídos de rolamento. Com os vidros fechados a sensação acentua-se, protegendo convenientemente os ocupantes. Com a capota colocada acontece o mesmo, e isso deve-se às formas — dianteira e traseira —, que fazem fluir os ventos contrários com eficácia. Um pequeno pára-vento em tela, junto ao encostos de cabeça também contribui. Caso deseje conduzir com os cabelos ao vento, mesmo quando o tempo não o aconselha, existe sempre a possibilidade de aquecer os bancos (500 €), incluindo na zona do pescoço (Airscarf: 636€).

DE UM CARRO como o Mercedes SLK esperam-se duas coisas: que seduza distinguindo-se dos demais e que proporcione um grande prazer na sua condução.
Ora o primeiro factor é inquestionável; difícil é passar despercebido ou não nos apaixonarmos desde logo pelas suas formas. Quanto ao segundo, garante-nos um comportamento que, mesmo nesta versão mais acessível e menos potente, patenteia uma agilidade e desenvoltura invejáveis. Torna-se fácil antecipar-lhe as reacções e mantê-lo «na linha» durante a abordagem de percursos sinuosos, graças a um chassis muito equilibrado e reactivo.
Não se pode falar em conforto face às jantes e ao perfil de pneu que o equipa, bem como ao diminuto curso da suspensão. Mas esse é um pequeno preço a pagar, nesta nova versão que evoluiu as capacidades do mesmo motor existente na anterior. O 4 cilindros turbo comprimido com 1.8l ganhou 21 cv e mais binário, ficou cerca de 1 litro mais poupado e reduziu com isso as emissões poluentes. Valores suficientes para «o atirar» acima dos 230 km/h e cumprir os tradicionais 0/100 km/h em cerca de 8 segundos. Haja coração, «mãos» para tanto e condições para fazê-lo em segurança e dentro da lei!

— 0 —

PREÇO, desde 45 100 euros MOTOR, 1796 cc, 184 cv às 5500 rpm, 16 V, 240 Nm das 3000 às 4000 rpm, injecção indirecta, turbo compressor e intercooler CONSUMOS, 11,2/6,0/7,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 188 g/km de CO2

— 0 —

ESTE SÍTIO MUDOU-SE PARA:

ESTE SÍTIO MUDOU-SE PARA:
www.cockpitnanet@blogspot.com