Peugeot 1007 1.4 HDi


Caprichos!...

A TRADIÇÃO diz que os carros franceses têm linhas elegantes e primam pelo conforto. Quando se fala em modelos da Peugeot, junta-se também, geralmente, uma imagem de dinamismo e até alguma desportividade. Contudo, salvo no capítulo do conforto, nada disto acontece e realmente perde o sentido perante um — a todos os títulos —, surpreendente e enigmático 1007!

MAS O QUE É, afinal, o 1007? Eis uma boa questão! Um automóvel certamente... do género monovolume, mas com um certo ar... de incompleto... um monovolume citadino então, extraordinariamente compacto... e, claro, onde a forma de abertura das enormes portas laterais é um dos mais vincados factores que o distingue de qualquer outro.
O 1007 possui o aspecto de um protótipo ou de viatura de salão. A sua original forma foi concebida sobre a plataforma do Citroën C2 e, naturalmente, recorre a motores e outra mecânica já existentes. Contudo, a sua construção diferenciada e em menor escala, tem custos de fabrico mais elevados, que se reflectem no preço final. Cerca de 20 mil euros para o modelo ensaiado... por quatro lugares, pouco espaço de carga na situação mais recuada dos bancos, mas muitas novidades e a garantia de que, ao seu volante, jamais passaremos incógnitos!

ENTRE AS NOVIDADES, pelo menos nas portas dianteiras e neste segmento, está certamente na sua forma de abertura de correr, designada «Sésame». É de facto muito giro aproximarmo-nos do modelo e com o comando da chave procedermos à abertura remota das mesmas... dá um certo estilo e é pelo menos garantia de alguma curiosidade da parte de quem passa!
Mais frustrante é quando, devido à inclinação do veículo elas resolvem não funcionar de forma tão linear; ou em dias de forte chuvada, a lentidão com que o processo eléctrico decorre exaspera (e molha...) o mais pacato dos seres... E, adivinhem só! Não é que nos dias em que o ensaiei S. Pedro fez das suas?!...

BEM!... Lá que é giro... é! Além de mais bastante prático, pois sendo um «três portas» tem um acesso fácil aos lugares traseiros e, quando se trata de estacionar em locais mais apertados, não necessita de muito espaço para a abertura de portas. O interior até acaba por ser amplo se levarmos em linha de conta o comprimento total do veículo, menor do que o do 207, por exemplo. O que não significa que os lugares traseiros disponham de muito espaço para as pernas ou que nos deparemos com uma mala ampla (205 litros, com os bancos traseiros na posição mais recuada); no entanto, nos lugares dianteiros, o cenário muda de figura.

ALÉM DISSO o habitáculo tem um estilo muito moderno, possui uma série de soluções modulares como a possibilidade de fazer variar o espaço da mala através da deslocação longitudinal dos assentos traseiros — individuais e simétricos —, e há inúmeros espaços para a colocação de pequenos objectos, seja sobre o tablier, sob os bancos dianteiros, no porta luvas, no forro interior das portas e até sob o pés dos ocupantes do banco de trás. A posição de condução é extremamente confortável — como se de um monovolume de maiores dimensões se tratasse —, com excelente visibilidade, funcionalidade e um comando muito agradável da caixa de velocidades. O encosto do banco dianteiro do passageiro pode também rebater transformando-se em mesa de apoio. A maior critica recai na menor qualidade de alguns revestimentos plásticos, que se esperariam melhores num modelo que, pela irreverência, personalidade e preço, acaba por se desejar transmita um certo prestígio.

COMO SE COMPORTA este singular(mente) pequeno leão? Para começar é curto (mas largo) e alto. O que significa que em matéria de funcionamento da suspensão ela não poderia ser demasiado branda, sobretudo numa versão onde não está presente o controlo de estabilidade. Não deixa de ser confortável em bom piso; mas quando este se deteriora muito e se torna bastante irregular, até pela posição mais elevada a que se encontram os ocupantes, acentua-se a sensação de adorno da carroçaria. A influência nos ventos é condicionada pelas formas exteriores que lhe aumentam a sensibilidade (ainda assim não tão exagerada quanto seria de esperar), enquanto que o comportamento em curva é facilmente controlado sem nunca inspirar insegurança.

O CONHECIDO motor 1.4 HDI que aqui se apresenta na versão de 70cv, mostra-se suficiente para os «gastos» embora não seja tão económico quanto noutros modelos da marca, naturalmente mais leves e com melhores coeficientes aerodinâmicos.
O desempenho, que não se pretende seja o de um pequeno desportivo, demonstra competência suficiente para o embalar em deslocações mais longas e mostra a necessária genica em trajectos urbanos, ainda que se torne necessário recorrer bastante à caixa de velocidades.
Enfim, um carro que, face ao preço, ao que pretende e oferece, acaba por denunciar um certo capricho da parte de quem o adquire. Com a garantia de que dificilmente passará despercebido...
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PREÇO, desde 19 400 euros MOTOR, 1398 cc, 70 cv às 4000 rpm, Binário máximo 160Nm às 2000 r.p.m., 16 V, common rail PRESTAÇÕES, 160 km/h CONSUMOS, 5,8/4,1/4,7 l (cidade/estrada/misto)
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NESTE MOMENTO, em Portugal, a gama é mais restrita do que a inicial, mas os seus preços são também mais convidativos do que na altura. Possui um motor a gasolina 1.4, agora com 90 cv, e o diesel ensaiado, neste último caso com três níveis de equipamento: um mais acessível Cappuccino e os já existentes Trendy e Sporty.
No caso do primeiro, que apenas se encontra disponível num tom preto da carroçaria, conta no equipamento com duplo airbag, ABS com repartidor electrónico de travagem, computador de bordo, direcção assistida eléctrica, volante de 3 raios regulável em altura e profundidade, mostrador multifunções com informação de temperatura exterior, data, hora, mensagens de alerta e rádio, vidros dianteiros e retrovisores eléctricos, as ditas portas Sésame com comando eléctrico, sequenciais, anti-entalamento e detecção de obstáculos na abertura, fecho central com comando à distância, banco do condutor regulável em altura, banco do passageiro com encosto rebatível, convertendo-se em mesa e rádio/CD frontal com comandos sob o volante.
Nos níveis seguintes, para além da presença do controlo de estabilidade, de mais airbags e disponibilidade de mais cores, o 1007
oferece a possibilidade de alterar radicalmente o interior através de um kit designado «caméléo» (250 euros), um conjunto de embelezadores e revestimentos em diversas cores que personalizam um carro já de si dotado de uma personalidade única.
Detentor de cinco estrelas nos testes Euro Ncap, o 1007 é um dos veículos mais seguros do seu segmento.
Resultado nos testes EuroNcap (2005):

Kia Cee’d 1.4 CVVT

Cativante!




AS AMBIÇÕES da marca coreana não são poucas; concorrer de igual com best sellers do segmento como o Golf, o Astra, o Mégane, o Civic e tantos outros com presença mais do que firmada no segmento e em diversos mercados. Dada a importância do projecto, não deixaram os créditos por mãos alheias: uma estética simpática, bonita até e nada oriental, que dá nas vistas mas sem exagerar ao ponto de chocar. E sobretudo uma sensação de espaço e de qualidade, que se demarcam do tradicional coreano e se aproximam das exigências europeias.

NÃO É APENAS sensação! Efectivamente, sem ser o mais comprido entre os concorrentes - têm até um «ar» bastante compacto -, a generosa distância entre eixos permite-lhe desfrutar de excelentes cotas de habitabilidade para os passageiros, sobretudo os do banco traseiro, independentemente das necessidades dos ocupantes dos dianteiros. Um pouco em prejuízo da mala é certo (o pneu de reserva é fino e meramente de emergência), embora os 340 litros acabem por ser bem aproveitados já que o espaço é bem esquadrado.
Além do espaço disponível e da boa acessibilidade, o Cee´d demonstra também uma clara evolução não apenas na escolha dos materiais, como no rigor de construção. Talvez se possa contestar o critério de escolha de alguns plásticos em locais menos visíveis, a verdade é que, pese embora a juventude da unidade ensaiada, a ausência de ruídos estranhos evidencia o cuidado colocado na sua montagem.
Aliás, mesmo em relação ao ruído do motor o habitáculo apresenta-se bem insonorizado, se bem que em determinados tipos de piso, se pressinta algum ruído de rolamento.

ORA SE EM MATÉRIA de qualidade demonstra uma evolução clara, a ergonomia interior também não desagrada. Não inova é verdade, nem se destaca por nenhum pormenor salvo talvez o bonito volante que além de mais proporciona excelente pega, mas a noção da funcionalidade é bem evidente quando, naturalmente, intuitivamente, encontramos e accionamos os comandos principais. O tablier é bonito, agradável mesmo, e nada deve em matéria de design, com o revestimento macio a contribuir para a tal sensação de qualidade.
Essa é claramente a intenção deste carro nascido especificamente para a Europa e fabricado na Eslováquia. Que definitivamente pretende implantar a marca no exigente e por vezes muito conservador mercado do Velho Continente; nem que para isso, para convencer os mais cépticos e desconfiados quanto aos índices de fiabilidade (por acaso elevados, o grupo Hyundai de que a Kia faz parte possui bons índices de satisfação nos inquéritos a clientes regularmente realizados), ofereça uma garantia de sete anos ou 150 000 km aos principais órgãos mecânicos. Única neste segmento!
O que diz bem da importância da aposta!

NEM sempre é fácil, quando se pretende conciliar gostos abrangentes. Vejamos: a estrutura compacta garante-lhe uma boa capacidade de manobra, logo facilidade de condução. A visibilidade em condução e em manobra é igualmente boa, embora a inclinação e volumetria dos pilares dianteiros possam causar algum embaraço. Nada de transcendente.
Não se quedando pelo capítulo da habitabilidade e da ergonomia, neste último aspecto, o Cee’d proporciona vários pequenos espaços pelo habitáculo e sob o piso da mala. A estrutura dos bancos é igualmente boa no apoio proporcionado ao corpo; percebe-se como nada foi deixado ao acaso.
Chegados à parte do conforto, e no que respeita ao funcionamento da suspensão, é essencialmente um carro familiar e esta versão a gasolina acentua-lhe ainda mais essa vertente. O que explica porque razão, em curvas mais acentuadas, se verifique uma certa inclinação da carroçaria, sem com isso pôr em causa a segurança, ressalve-se. A suspensão mais branda e orientada para proporcionar o conforto, cumpre desse ponto de vista o seu papel, mas dificilmente oferece ao Cee'd um comportamento apaixonante. Nem essa deverá ser a sua pretensão!

SE A ESTRUTURA tradicional mas eficaz do conjunto de suspensão, sem lhe transmitir um comportamento dinâmico apaixonante, concilia bem as necessidades de conforto dos ocupantes sem o deixar o Cee'd ficar mal em estrada, as capacidades deste motor também não são de molde a desiludir os mais exigentes.
O bom escalonamento da caixa de velocidades e até mesmo a precisão e suavidade do seu funcionamento são uma agradável surpresa que contribui para uma condução descontraída. A evolução e elasticidade na desenvoltura do bloco 1.4 evidenciam o perfeito acasalamento dos dois órgãos mecânicos, mas, infelizmente, a franca disponibilidade do propulsor tem um reverso: os consumos dificilmente se podem considerar moderados. A verdade é que para manter a média anunciada pelo construtor é mesmo preciso fazer um andamento calmo...
A segurança, outra característica «cara» ao consumidor europeu, também não foi esquecida, com todas as versões a oferecerem, de série, seis airbags mas a relegar para a lista de opcionais o controlo de estabilidade.


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PREÇO, desde 17.600 euros MOTOR, 1396 cc, 109 cv às 6200 rpm, 137 Nm às 5000 rpm, 16 válvulas PRESTAÇÕES, 187 km/h CONSUMOS, 7,6/5,2/6,1 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 145 g/km de CO2


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O Kia CEE'D em Portugal não possui uma gama alongada de motores e versões. Fica-se por enquanto pelos mais indicados apra as especificidades do nosso mercado, com um único bloco a gasolina (o ensaiado) e um outro a gasóleo, o conhecido 1.6 CRDi de 115 cv (a partir de cerca de 21500 euros), presente, por exemplo, no Cerato.
Também são dois os níveis de equipamento - LX e EX - a exemplo do que acontece em quase todos os outros modelos da marca, deixando para os opcionais a pintura metalizada, os vidros escuros, os estofos em pele, o tecto de abrir, o sistema de navegação e o ESP. O nível primário contempla o ABS com EBD, airbags duplos, laterais e de cortina, ar condicionado manual, computador de bordo, rádio/CD/MP3 com comandos no volante e os retrovisores eléctricos, pelo que os 2000 euros que distam entre as versões acabam por justificar o natural enriquecimento do nível EX.

Algumas versões possuem entrada USB e jack de 3,5 m/m para ligação de um leitor de MP3 por exemplo

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