Honda CR-V 2.2i CTDi


Envolvente


CADA VEZ MAIS os SUV perdem a aparência de um todo o terreno, para se situarem num ponto algures entre uma carrinha familiar e um monovolume. Nuns casos perdendo capacidades fora do alcatrão, ganham em conforto, comportamento e facilidade de condução, como este Honda CR-V que assumidamente faz uso intensivo da electrónica para comandar desde as necessidades de tracção à estabilidade direccional. O que, não sendo propriamente uma novidade, limita bastante o poder de intervenção do condutor.
Na verdade, isso não constitui propriamente um óbice para quem faz uso dele em percursos com piso firme, bem pelo contrário, porque o torna cómodo e seguro a todos os níveis.


QUANDO COMPARADO com a geração anterior, o novo CR-V parece não só mais compacto como, estilisticamente falando, ganhou linhas mais suaves, mais modernas e dinâmicas. Embora a diferença de comprimento se deva à colocação da roda de reserva no interior, a carroçaria mais larga veio beneficiar a habitabilidade.
Mantêm-se algumas características, como a possibilidade do banco traseiro correr sobre calhas (15 cm) e assim fazer variar a capacidade da mala (556 l em condições normais) ou uma plataforma dupla na zona de carga, amovível e muito funcional, ao permitir transportar, sob a mesma, um carrinho de bebé, por exemplo, e sobre ela outros apetrechos de menor peso.
O portão traseiro passou a abrir para cima, beneficiando muito o acesso, característica em que esta nova geração caprichou; é que o maior ângulo de abertura das portas e um chassis mais baixo tornou mais fácil o acto de entrar ou de sair do CR-V.
O banco traseiro acomoda facilmente três ocupantes, enquanto os dianteiros, bastante largos, se assemelham a amplas e confortáveis poltronas com várias possibilidades de acerto.


O QUE MAIS destaco no interior, quando é o caso do nível de equipamento, é o tejadilho panorâmico em vidro escurecido. Este estende-se desde o pára-brisas até ao banco traseiro e, no interior, pode ser coberto por duas cortinas eléctricas independentes feitas em material igual ao restante forro.
Mas não só; a posição de condução é realmente uma das melhores da classe. A par dos referidos bancos, tudo concorre para que nos sintamos bem, a começar pela facilidade do ajuste da coluna da direcção e terminando na posição cómoda do manípulo das velocidades. O volante, bonito e desportivo, contempla alguns comandos, enquanto que os restantes se distribuem racionalmente por um tablier essencialmente funcional. O toque de inovação é dado pelo manípulo do travão de mão semelhante ao de um avião. Existem variados locais para arrumo de pequenos objectos, inclusive um fechado sobre o porta luvas, bem como um cofre amplo entre os bancos dianteiros. Revestido essencialmente por plásticos rijos mas com muito bom aspecto e acabamento, os diferentes painéis revelam solidez e precisão nas fixações e junções das diversas partes. Algumas aplicações em tom prateado dão um toque jovem e dinâmico, enquanto que a iluminação azul dos instrumentos se torna bastante tranquilizadora em deslocações nocturnas.
Silencioso, o interior do CR-V é efectivamente um espaço acolhedor e confortável, não só em termos visuais como, na prática, desde o espaço proporcionado à comodidade sentida após algumas horas de viagem.


EM ESTRADA, o desempenho do CR-V pouco diferem do de uma vulgar berlina. Dependendo da posição do banco poderá pressentir-se algum adorno em curva, mas a realidade é que a estabilidade do comportamento evidencia também um excelente coeficiente de penetração ao vento. A redução do centro de gravidade e as alterações aerodinâmicas da carroçaria são pois as principais responsáveis para que tal aconteça, já que, em trajectos sinuosos, a eficácia dos controlos electrónicos e inteiramente automáticos que controlam as necessidades de tracção e o amortecimento da suspensão (de estabilidade), corrigem e comandam as necessidades de uma condução mais descontraída. É verdade que o segundo pode ser desligado, mas não existe grande interesse em fazê-lo, porque este é um carro em que o prazer da sua condução está na segurança das suas reacções e não em provocar-lhe qualquer desvio. Não existem, de facto, grandes balanços da carroçaria nas variações de massa em curva, mas o seu comportamento muito preciso em estrada acaba por lhe limitar a rigidez torcional da plataforma quando levado para fora do alcatrão. Tem valor em piso firme e não muito irregular, mas as limitações evidenciam-se quando se torna necessário ultrapassar desníveis mais acentuados e os ângulos de ataque (28º), saída (23º) e ventral (18º) não só nos levam a pensar duas vezes na integridade da carroçaria, como os pneus de estradista não ajudam à tracção. Não existe, de resto, qualquer equipamento auxiliar para fora de estrada, nomeadamente redutoras.


QUANTO AO MOTOR a gasóleo, apresenta bons valores de potência e o equilíbrio do seu funcionamento contribui ainda para que seja silencioso. É sobretudo uma versão que garante ao CR-V boas prestações em estrada e excelente agilidade na cidade. A caixa de seis velocidades, bastante precisa, é também responsável para que isso aconteça.
Em termos meramente económicos, os consumos não são o seu forte, aflorando facilmente a barreira dos 10 litros em cidade e dificilmente se conseguindo fazer médias inferiores a sete. Um depósito com 58 litros limita-lhe também a autonomia.
Porque o preço dos dois combustíveis se tem vindo a aproximar, o Honda CR-V de 2,0 l. a gasolina, é ainda de considerar. Os 5000 mil euros a menos de diferença, consoante o uso e quilometragem que se faça, podem compensar. Nesse caso, a gasolina, em Portugal, só é comercializado o modelo com caixa de velocidades automática, opção que não está disponível para esta versão a gasóleo.

PREÇO, desde 41600 euros MOTOR, 2204 cc, 140 cv às 4000 rpm, 340 Nm às 2000 rpm, 16 válvulas, injecção common rail CONSUMOS, 5,7/6,5/8,1 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 173 g/km de CO2

Subaru Legacy Wagon 2.0 Boxer Diesel

O boxer diesel

A PAR da marca japonesa comentada na última edição - a propósito do novo Mitsubishi Lancer -, a Subaru é, por via do Impreza, um construtor muito identificado com a competição automóvel, nomeadamente pela presença várias vezes vitoriosa no Mundial de Ralis.
Mas à generalidade dos seus produtos associa-se ainda dois outros aspectos, disporem habitualmente de tracção integral e pela arquitectura boxer dos motores a gasolina, ou seja, com os cilindros colocados de forma oposta. Um facto, no entanto, impedia a marca de ter uma implantação maior na Europa: a ausência da oferta de propulsores a gasóleo, situação ultrapassada este ano com a chegada do primeiro bloco do género. E adivinhem... também é boxer, o primeiro e que me lembre, único do género.


O PRIMEIRO a receber este motor foi o Legacy. Deste, coube ensaiar a belíssima e muito equilibrada carrinha. Em termos estéticos, não deixa de ser um carro discreto e sem grandes detalhes aparentes, mas que se aprende a gostar e que vale quando apreciado num todo. Na realidade, a sua silhueta é até muito tradicional e menos apaixonante seria não fossem alguns toques desportivos que as imponentes jantes e expressiva grelha lhe conferem.
Outro aspecto se evidencia, em parte fruto da simplicidade do traço e que acaba por constituir um trunfo para o Legacy: a superfície vidrada ampla facilita a visibilidade e contribui para a maior luminosidade do interior.


A VERDADE é que, se o exterior não surpreende, o desenho do habitáculo também não atrai de imediato. Mais uma vez, as formas simples não se destacam e acabam por revelar que as preocupações maiores foram para a ergonomia e para a funcionalidade na colocação e na visibilidade de comandos e dos instrumentos. Como não podia deixar de ser, os detalhes desportivos estão lá, no desenho e na iluminação vermelha do painel de bordo e de alguns botões, bem como num volante com bom tacto.
Quanto a materiais, a aparência plástica de algumas partes não significa qualidade deficiente, pois independentemente do piso em que se transita, não se evidenciam ruídos parasitas. O modelo ensaiado não dispunha de grandes detalhes de luxo ou aplicações de tom diferente, revelando-se até, salvo a referida iluminação avermelhada, algo sóbrio. Mas dificilmente se encontra se encontra um comando em lugar menos razoável.


O LEGACY não é exactamente um familiar pequeno; fica a pouco mais de um palmo dos 5 metros. É por isso espaçoso, sem deslumbrar, nem mesmo pela capacidade da mala que fica aquém dos 500 litros, 459 mais precisamente, com um tipo cobertura diferente do usual. O banco traseiro alberga até 3 adultos com relativo conforto de espaço para pernas e largura de ombros.
Na frente, o que mais se destaca é a boa arquitectura dos bancos que facilitam o acto de encontrar a melhor posição de condução e se revelam extremamente confortáveis, tanto em viagens longas como em circuito urbano. Ajustes múltiplos no do condutor e na coluna de direcção, complementam esse facto e a visibilidade, como disse inicialmente, é garantida por uma superfície vidrada bastante ampla e apenas ligeiramente prejudicada pela abertura para o ar que se encontra no capot.


A RAZÃO PRINCIPAL deste ensaio é a introdução (finalmente!) de uma mais competitiva versão a gasóleo em relação aos modelos inteiramente a gasolina, depois da disponibilidade de uma mais económica modalidade bi-fuel.
Este novo bloco a gasóleo segue a arquitectura de cilindros opostos. A vantagem deste género de tecnologia é comum aos dois tipos de combustível: motores mais leves e compactos, mais rápidos a responder, com menos vibrações e ruído, possíveis de ser instalados mais baixos e, logo, reduzindo o centro de gravidade do conjunto. Tudo isso se verifica no Legacy, garantindo-lhe uma resposta mais pronta e eficaz do motor, o que resulta numa diminuição dos consumos e consequentes emissões poluentes.


ESTE LEGACY é um familiar rápido. Desportivo até. Os bons valores de potência e binário, comandados por uma caixa de velocidades curta e rápida, o peso do carro e o excelente comportamento dinâmico que é apanágio dos modelos da marca, dão-lhe a desenvoltura de um desportivo e uma agilidade maior do que o seu tamanho faria supor. Com tracção integral, a mais valia deste facto evidencia-se principalmente em condições de menor aderência do piso, com as ajudas electrónicas a desempenharem o seu papel e contribuírem para atenuar e segurar os ímpetos mais optimistas do «piloto».
Com um «pisar» firme, necessário para garantir tão bom comportamento em estrada, o Legacy não deixa de proporcionar o necessário conforto aos seus ocupantes. Conforto sob vários pontos de vista: amortecendo com razoável eficácia as irregularidades - nisto ajudado pelos excelentes bancos que dispõe - e sendo bastante silencioso, tarefa facilitada pelo trabalhar suave do motor.

PREÇO, desde 32000 euros MOTOR, 1998 cc, 150 cv às 3600 rpm, 350 Nm às 1800 rpm, 4 cilindros opostos, 16 válvulas, injecção common rail, intercooler, turbo geometria variável CONSUMOS, 5,0/5,4/7,1 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 151 g/km de CO2

Mitsubishi Lancer 1.5 Sedan

Enérgico



SENHOR de um palmarés invejável no plano desportivo e mais concretamente na categoria dos ralis, a impressão mais forte com que fiquei do novo Mitsubishi Lancer foi a de ser um carro profundamente «masculino». Tudo por se tratar de um conjunto com um chassis bastante reactivo e linhas exteriores vincadas e desportivas, tal como o interior que, em termos de forma e iluminação, me trouxe á memória o estilo de alguns GTi's dos anos 70/80.
Temperamental, com uma condução que apela aos sentidos, desde que convenientemente explorada, esta versão 1.5 consegue ir além das pretensões meramente familiares a que se destina, tornando-se surpreendentemente ágil e divertida. A isto acresce o facto de nesta nova geração do popular modelo japonês o preço final também passar a ser factor de apelo...


A SILHUETA lateral moderna da versão de 4 portas - em breve se juntará uma de 5 e mais que provavelmente uma carrinha - com o seu perfil em cunha e nervuras bem vincadas, sem possuir realmente nada que mereça grande relevância, resulta extremamente atraente e é, definitivamente, menos discreta e mais dinâmica do que as versões familiares do antecessor. É, contudo, na dianteira afilada e muito agressiva que mais se destaca, com uma grelha inspirada na aeronáutica - e por tal designada «Jet Fighter» - ou no nariz de um tubarão.
Embora o estilo resulte compacto, o Mitsubishi Lancer não é um carro pequeno. No campo da habitabilidade supera facilmente o oferecido pela anterior geração, com mais espaço no banco traseiro, uma mala maior e melhor aproveitada em termos de esquadria e acesso - ainda que condicionado pela tipicidade de um quatro portas, com as inevitáveis dobradiças em arco -, com o volume de 400 litros obtido à custa de um pneu suplente fino.


A «MASCULINIDADE» do carro principia na posição de condução. Tipicamente desportiva pode requerer alguma habituação e, ainda que o resultado não seja desconfável, seria desejável a regulação do volante em profundidade e não somente em altura. Com pretensões familiares, nesta versão os bancos não oferecem o melhor apoio do corpo em curva, embora, mais uma vez, não se possam considerar desconfortáveis.
O tablier de linhas simples, as formas, a posição do manípulo da caixa, o desenho dos instrumentos e a iluminação vermelha, vincam-lhe uma identidade definitivamente mais desportiva, mesmo nas versões mais «pacíficas» desta nova geração. Ao contrário do que já acontece em muita da concorrência, aqui impera a ausência de revestimentos suaves no tablier, se bem que os plásticos rijos, nos acabamentos e nas folgas entre as partes, denotem preocupações com a qualidade geral.


AGRADÁVEL quando visto de todos os ângulos, um Lancer bastante mais europeu e que, em termos de traço, bebeu alguma inspiração italiana, recebe na versão de entrada um voluntarioso motor de 1,5 litros. Não se pode dizer que 109 cavalos sejam de desprezar para um uso que, volto a referi-lo, se imagina familiar. Só que, como é apanágio de muitos motores japoneses, este parece inesgotável nas rotações; é verdade que o binário máximo está nas 4000 rpm, mas a potência nas 6000 deixa uma margem de progressão que lhe confere novo ânimo e outra disposição em estrada aberta. Uma direcção bastante directa e uma caixa seca mas precisa (e a posição em que se encontra), mais contribuem para tentar o condutor a dar-lhe outro uso... um chassis que realmente transparece as provocações por que está a passar... enfim, existem alturas em que de familiar parece ter pouco, tão temperamental acaba por de facto ser, assim haja sensibilidade para o compreender e poder desfrutar de uma suspensão mais desportiva, ainda assim pouco penalizadora do conforto.
Quanto a consumos, os valores anunciados são normais para a cilindrada. O tipo de condução irá ser decisivo para o resultado real, mas, realmente, menos de 20 mil euros por um conjunto familiar que é capaz de proporcionar sensações dinâmicas pouco vulgares na classe, torna-o deveras competitivo. Mesmo nos níveis de equipamento mais elevados.

PREÇO, desde 17900 euros MOTOR, 1499 cc, 109 cv às 6000 rpm, 143 Nm às 4000 rpm, 16 válvulas, injecção multiponto CONSUMOS, 5,4/6,4/8,2 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 153 g/km de CO2



Lancer júnior


O novo Mitsubishi Colt ficou mais próximo do seu irmão mais velho Lancer, através de um design profundamente transformado pelo centro de design do construtor japonês na Europa.
Abandonando o estilo monovolume do antecessor e optando por uma postura mais dinâmica e desportiva onde, a exemplo do Lancer, ressalta a impetuosa grelha «Jet Fighter», a nova geração Colt distingue-se ainda por possuir ópticas traseiras rebaixadas, pega da porta da mala com um novo desenho e um pára-choques mais elaborado. Para além de aumentar-lhe o carácter, estes factores baixam a altura e aumentam a largura do conjunto.
Em paralelo com os motores a gasolina já existentes (1.1/75cv, 1.3/95cv e 1.5/109cv), a Mitsubishi irá apresentar na Primavera de 2009, novas versões de «baixo CO2» designadas «Clear Tec». Fazendo uso da tecnologia «automatic stop & go», que permite uma melhoria de cerca de 10% em termos de emissões de CO2, esta versão substituirá as variantes diesel que não obtiveram grande procura na geração anterior. Interiormente foi dada especial atenção à insonorização e segurança, com um painel de instrumentos totalmente redesenhado e acabamentos de maior qualidade. A maior flexibilidade na disposição dos bancos dá ainda origem a um maior volume de carga, crescendo a capacidade máxima, com os bancos rebatidos, dos 854 l do Colt anterior para os 1032 l da nova versão.
Já disponível a partir de 13.235 euros.

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